25 Abril 2020
A mídia ajudou as pessoas a melhor entenderem a crise divulgando notícias e informações confiáveis sobre o covid-19, mostra pesquisa encomendada pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo e o Projeto de Desinformação, Ciência e Mídia, realizada em conjunto com o Oxford Internet Institute e apoiada pela Oxford Martin School.
A informação é de Edelberto Behs, já foi professor e coordenador do curso de Jornalismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos.
Os dados foram coletados entre 31 de março e 7 de abril em seis países: Argentina, Alemanha, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido, que somam uma população superior a 600 milhões de pessoas, países que têm diferentes sistemas de mídia e sistemas políticos. A maioria d@s entrevistad@s disse que a mídia ajudou a entender a crise e explicar os cuidados a tomar para evitar contágio e disseminação.
No entanto, uma de cada três pessoas entrevistadas entendem que a mídia exagerou a pandemia. Um quarto d@s entrevistad@s acredita que que o coronavírus foi produzido em laboratório, chegando a um terço entre os que se manifestam politicamente de direita. Os vários tipos de informações, também informações erradas, moldam como as pessoas se posicionam e respondem à crise de saúde pública, e em quais instituições confiam.
Ainda em 15 de fevereiro, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que com a chegada e disseminação do covid-19 “não estamos apenas combatendo uma epidemia; estamos lutando contra uma infodemia”.
O termo foi cunhado em 2003 em artigo para jornal pelo professor, cientista político e jornalista David J. Rohkopf, ao definir a “epidemia de informação” como alguns fatos misturados com medo, especulação e boatos, amplificados e transmitidos rapidamente em todo o mundo pelas modernas tecnologias da informação.
A Pesquisa do Instituto Reuters concentrou-se nas diferentes mídias das organizações noticiosas, plataformas e redes sociais. A procura por notícias aumentou com a pandemia. Televisão e recursos online são a maneira mais popular de obter notícias nos seis países pesquisados. As organizações noticiosas são as mais confiáveis, mostra a pesquisa, exceto na Espanha e nos Estados Unidos, onde os governos tomam esse lugar.
A polarização política também deixa marcas. Pessoas à esquerda preocupam-se com o que consideram desinformação por parte de governos e políticos; pessoas à direita veem a desinformação ser divulgada pelas organizações noticiosas. O país mais polarizado politicamente são os Estados Unidos; a Argentina é o menos polarizado. Em quatro dos países, pessoas que se identificam como sendo de direita mostraram menos conhecimento a respeito do coronavírus.
Nos seis países, cerca de dois terços confiam nas notícias e reportagens das organizações de notícias, variando de 47% na Alemanha a 77% na Coreia do Sul. Menos confiáveis são os conteúdos de mídias sociais, sites de vídeos e aplicativos de mensagens. Em torno de um terço d@s pesquisad@s afirmou ter encontrado muita informação falsa ou enganosa nessas plataformas.
Apenas uma pequena minoria d@s entrevistad@s, uma em cada sete – especialmente jovens – tem as mídias sociais como sua principal fonte noticiosa. Nos seis países, as pessoas com baixo nível educacional são as que menos confiam nas organizações de notícias para obter informações sobre a pandemia. Elas confiam mais nas mídias sociais e nos aplicativos de mensagens.
Mas no universo pesquisado ficou evidente o alto nível de confiança depositado em cientistas, médicos, especialistas, também em autoridades da área e em organizações globais, como a Organização Mundial de Saúde.
A pesquisa, trabalhada pelo professor Rasmus Kleis Nielsen, pelos doutores Richard Fletcher, J. Scott Brennen, Philip N Howard, e Nic Newman, está disponível aqui.
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Busca por informações na mídia cresce por causa do covid-19 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU