O desafio de tornar a mensagem da Igreja mais credível. Artigo de Federico Lombardi

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25 Janeiro 2020

Por ocasião da festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos escritores e dos jornalistas, o ex-porta-voz papal Federico Lombardi fala sobre como os católicos podem falar mais efetivamente ao mundo.

Lombardi, jesuíta italiano, foi diretor da Rádio do Vaticano e atuou como diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé de 2006 a 2016.

O artigo foi publicado em La Croix International, 24-01-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A minha experiência é um pouco única, porque eu trabalhei quase toda a minha vida no departamento de comunicação do Vaticano, mas a voz da Igreja Católica não se limita a isso.

A voz das dioceses, dos padres e dos leigos comprometidos muitas vezes pode ser mais importante do que a da Santa Sé.

Na minha opinião, a Igreja não deveria falar de uma forma pomposa, como alguém que sabe tudo.

Pelo contrário, a voz da Igreja deve ser marcada pela vontade de servir. Como disse o Papa Francisco em uma entrevista ao La Croix em maio de 2016, a Igreja deve agir e falar com “um espírito de serviço como no lava-pés”.

O segundo elemento é a credibilidade, a integridade. Se a Igreja quer que a sua mensagem seja ouvida, ela deve ser transmitida por pessoas cujas vidas testemunhem o Evangelho. Eu acredito que isso pode ser uma contribuição útil para a sociedade.

E também pode promover a causa da justiça. Por exemplo, eu penso na decisão de Francisco de atualizar o Catecismo em 2018, de modo que ele diga claramente que a pena de morte é “inaceitável”. E no modo como ele iniciou um debate denunciando as sentenças de prisão perpétua.

Outro exemplo é o Documento sobre a Fraternidade Humana que ele assinou em Abu Dhabi, em fevereiro de 2019, com o grão-imã da Mesquita-Universidade Al-Azhar. Esse é um dos frutos da cultura do encontro que o papa está promovendo.

Em suas conversas com chefes de Estado, assim como com todos aqueles com os quais ele se encontra, o papa sinceramente tem essa atitude. Ele se recusa a decidir a priori se alguém é bom ou mau. Ele sempre quer entrar em uma relação pessoa a pessoa com quem está diante dele.

Essa abordagem geralmente comove os líderes e, além dos procedimentos diplomáticos oficiais da Santa Sé, ajuda a alcançar um progresso real.

Eu penso, por exemplo, no encontro de oração pela paz nos Jardins Vaticanos em junho de 2014, que reuniu o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e a sua contraparte israelense, Shimon Peres.

Também se deve ao seu compromisso com a cultura do encontro o fato de o Papa Francisco ter podido desempenhar um papel na melhoria das relações entre Cuba e os Estados Unidos.

Eu resumiria assim: testemunho evangélico, serviço e cultura do encontro são, na minha opinião, as chaves para tornar a voz da Igreja mais credível.

E eu acredito que Francisco nos ajudou muito em tudo isso.