13 Novembro 2019
"O aumento dos níveis de pobreza em escala global mostra que a desigualdade prevalece sobre uma integração harmoniosa de pessoas e nações". Isso foi ressaltado pelo Papa Francisco em uma passagem do discurso que dirigiu aos membros do Conselho para um Capitalismo inclusivo, denunciando o fato que um sistema econômico "desprovido de preocupações éticas" leva a "uma cultura ‘descartável’ dos consumo e dos desperdícios”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Stampa, 11-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O ente recebido pelo Pontífice argentino nasceu do fórum Fortune-Time Global que Jorge Mario Bergoglio recebeu em 2016, desejando desde então "modelos econômicos mais inclusivos e equitativos que permitam a cada pessoa ter parte dos recursos deste mundo e ser capaz de realizar as próprias potencialidades".
É necessário, disse o papa hoje, superar "uma economia de exclusão e a redução do fosso que separa a maior parte das pessoas da prosperidade de que usufruem poucos. O aumento dos níveis de pobreza em escala global - observou Francisco - testemunha que a desigualdade prevalece sobre uma integração harmoniosa de pessoas e nações. Um sistema econômico justo e confiável, capaz de responder aos desafios mais radicais que a humanidade e o planeta estão enfrentando, é necessário e urgente".
Para o Papa, "um olhar para a história recente, em particular a crise financeira de 2008, mostra que um sistema econômico saudável não pode se basear em lucros de curto prazo às custas de investimentos produtivos, sustentáveis e socialmente responsáveis em longo prazo. É verdade - continuou ele citando a sua encíclica Laudato si' - que a atividade empreendedora é uma vocação nobre, orientada a produzir riquezas e melhorar o mundo para todos, e pode ser uma maneira muito proveitosa de promover a região em que coloca as suas atividades, especialmente se entender que a criação de empregos é uma parte essencial de seu serviço ao bem comum".
"No entanto, como recordou São Paulo VI", na encíclica Populorum Progressio, "O desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento econômico. Para ser autêntico, deve ser integral, quer dizer, promover todos os homens e o homem todo. Isso significa muito mais do que equilibrar orçamentos, melhorar as infraestruturas ou oferecer uma variedade maior de bens de consumo. Envolve, antes, uma renovação, uma purificação e um fortalecimento de válidos modelos econômicos, baseados em nossa conversão pessoal e generosidade para com os necessitados”.
"Um sistema econômico desprovido de preocupações éticas não leva a uma ordem social mais justa, mas leva a uma cultura ‘descartável’ dos consumo e dos desperdícios", disse o papa ao Conselho para um Capitalismo inclusivo acompanhado pelo cardeal Peter Turkson, presidente do Departamento de Desenvolvimento Humano Integral. "Pelo contrário, quando reconhecemos a dimensão moral da vida econômica, que é um dos muitos aspectos da doutrina social católica que deve ser plenamente respeitada, temos condições de agir com caridade fraterna, desejando, buscando e protegendo o bem dos outros e seu desenvolvimento integral".
Por fim, "não se trata simplesmente de ‘ter mais’, mas de ‘ser mais”. O que é necessário é uma profunda renovação de corações e mentes, para que a pessoa humana possa sempre ser posta no centro da vida social, cultural e econômica". Um "capitalismo inclusivo, que não deixe ninguém para trás, que não descarte nenhum de nossos irmãos e irmãs", para o Papa, "é uma aspiração nobre, digna de vossos melhores esforços".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa Francisco: a desigualdade entre pessoas e nações aumentou a pobreza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU