Para o Vaticano, gerar impostos a partir de jogos de azar é antiético

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29 Novembro 2018

A legalização de jogos de azar impulsiona os vícios e cria cada vez mais jogadores compulsivos, e usar essa indústria como fonte de receita fiscal é antiético, de acordo com um grande escritório do Vaticano.

A reportagem é de Carol Glatz, publicada por Catholic News Service, 27-11-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

"A legalização dos jogos de azar, mesmo com a intenção de desmascarar sua gestão criminosa, aumenta exponencialmente o número de jogadores compulsivos", segundo a nota introdutória de uma conferência internacional sobre drogas e vícios organizada pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

"Além disso, a tributação pelo Estado deve ser considerada incompatível do ponto de vista ético e contraditória em termos de prevenção", afirmava o programa da conferência, divulgado no dia 26 de novembro.

"À medida que os vícios se diversificam, a indiferença e por vezes a cumplicidade indireta ao fenômeno contribui para desviar a atenção da opinião pública e dos governos, que muitas vezes se concentram em outras emergências", disse.

A conferência, realizada de 29 de novembro a 1º de dezembro, reúne especialistas e organizações internacionais que trabalham em centros de reabilitação ou iniciativas da Igreja para discutir os desafios atuais dos vícios e do abuso de drogas e as práticas recomendadas para a prevenção e o tratamento.

O objetivo do dicastério era elaborar uma série de conclusões e recomendações e publicá-las com observações e intervenções a partir dos três dias de conferência.

O programa da conferência abordou o crescente problema do abuso de drogas e do quanto impede o desenvolvimento humano integral. Abordou, também, o desejo do dicastério de responder aos reiterados pedidos do Papa Francisco para lutar contra o abuso de drogas e mostrar o compromisso da Igreja com a resolução do problema.

Observando os efeitos devastadores da heroína, da cocaína e de outras drogas psicoativas que hoje estão disponíveis on-line a baixos custos, o programa da conferência criticava o debate atual sobre o consumo de cannabis por desconsiderar questões éticas, destacando as dúvidas do Papa Francisco sobre a legalidade de aumentar as restrições sobre as chamadas drogas recreativas.

A conferência tinha o intuito de analisar também outros vícios, como o vício em Internet, pornografia e sexo, bem como em jogos de azar.

Segundo o dicastério, a conferência poderia complementar os esforços desenvolvidos por uma grande variedade de atores: políticos, profissionais das áreas da saúde e da assistência social, pais, educadores, juízes e líderes de iniciativas comunitárias.

O Mons. Segundo Tejado Munoz, subsecretário do dicastério, disse aos repórteres, no dia 26 de novembro, que a raiz de todas as dependências é um sentido de infelicidade ou insatisfação decorrente de sofrimento, frustração ou uma sensação de fracasso.

A pessoa que cai em algum vício não encontrou uma "âncora" para se segurar e, por isso, "busca essas coisas, essas pseudossoluções", observou.

O vício é "uma rede" em que as pessoas podem cair num "momento de fraqueza, de depressão. É muito fácil cair. Mas também se pode romper com essa rede”, acrescentou.

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