01 Setembro 2018
Em uma ação simultânea em várias cidades, a polícia indiana invadiu as casas de nove ativistas dos direitos humanos, incluindo a de um padre jesuíta de 82 anos, e prendeu cinco acusados de apoiar os maoístas envolvidos em atividades antinacionais.
A reportagem é de UCA News, 29-08-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A polícia do Estado de Maharashtra, no dia 28 de agosto, prendeu os ativistas Varavara Rao, de Hyderabad, e Gautam Navlakha, de Délhi. Outros presos foram os advogados ativistas Vernon Gonsalves, de Mumbai, Arun Ferreira, de Thane, e Sudha Bharadwaj, de Faridabad.
No Estado oriental de Jharkhand, a residência do ativista social jesuíta Pe. Stanislaus Lourdusamy foi invadida em Ranchi. Popularmente conhecido como Stan Swamy, ele tem trabalhado entre os povos tribais empobrecidos.
A polícia disse à imprensa que as invasões estavam ligadas a um encontro público realizado em 31 de dezembro de 2017, antes dos violentos confrontos ocorridos entre os dalits e os maratas de casta superior na área de Bhima Koregaon e em várias outras partes de Maharashtra no início de janeiro.
A ação policial se baseou em “algumas provas incriminatórias coletadas durante a nossa investigação” e em documentos recuperados de outros cinco ativistas presos no dia 6 de junho, disse o comissário de polícia de Pune, Shuneji Bodkhe.
A polícia informou a um tribunal no dia 7 de junho que uma investigação havia revelado um complô maoísta para executar um incidente do tipo “Rajiv Gandhi”, que a mídia interpretou como um plano para assassinar o primeiro-ministro, Narendra Modi, em um atentado suicida como o que matou o ex-primeiro-ministro Gandhi em 1991.
A polícia visitou o centro de serviço social dos jesuítas em Ranchi às 6h da manhã e invadiu o quarto do Pe. Swamy, contou o Pe. Davis Solomon, diretor do centro.
Eles chegaram sem qualquer aviso prévio nem um mandado de busca e revistaram tanto o escritório quanto os aposentos residenciais, disse. O Pe. Swamy foi interrogado, mas não foi preso.
A polícia apreendeu o seu computador portátil, cartões de telefone, iPod, CDs, pendrive, publicações, documentos de pesquisa, livros e comunicados de imprensa, entre outras coisas, disse o Pe. Solomon.
Embora a polícia não tivesse nenhum mandado de busca emitido por um tribunal, a invasão foi realizada com uma “ordem de busca” emitida pelo comissário de polícia de Pune no dia 24 de agosto.
Os crimes registrados contra o padre incluem envolvimento em terrorismo, conspiração, apoio a organizações terroristas e arrecadação de fundos para elas. Se forem comprovados, o padre idoso poderia ficar preso por décadas.
“O Pe. Swamy pesquisa os problemas das pessoas marginalizadas com o objetivo de encontrar soluções práticas”, disse o Pe. Solomon, acrescentando que o seu coirmão tem trabalhado com o povo tribal Santhal há décadas.
Ele disse que o Pe. Swamy nem havia visitado Bhima Koregaon. “Como ele pode fazer parte de qualquer conspiração?”, perguntou.
Lideranças da Igreja e ativistas dos direitos humanos suspeitam de um complô para intimidar os ativistas com ambições políticas nas eleições gerais, previstas para o começo do ano que vem.
“Essas invasões parecem ter sido conduzidas para aterrorizar os ativistas. Mas isso abalará a fé de comunidades como os dalits, povos indígenas e outros pelos quais esses ativistas estão falando”, disse Dom Theodore Mascarenhas, secretário-geral da Conferência Episcopal Indiana.
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Índia. Polícia invade casa de jesuíta ''antinacional'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU