15 Agosto 2018
Uma organização que representa os católicos LGBT no mundo todo não ganhou permissão para ter uma estande no Encontro Mundial das Famílias - EMF, em Dublin, que contará com a participação do Papa Francisco no dia 25 de agosto.
A Rede Global de Católicos Arco-íris, que representa 60 organizações, foi informada que "questões logísticas" e a incerteza do espaço disponível significam que não foi alocado um estande no salão de exposição do encontro.
A reportagem é de Harriet Sherwood, publicada por The Guardian, 13-08-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
O EMF, evento internacional realizado pela Igreja Católica Romana a cada três anos, começa em Dublin, na próxima segunda-feira. O Papa Francisco vai passar 36 horas na Irlanda, participando de eventos e celebrando missas.
A RGCA candidatou-se para ter uma estande na sala de exposições em abril. Apesar de repetidas consultas sobre o andamento da candidatura, o grupo só foi informado que o pedido havia sido rejeitado nos últimos dias.
Rubi Almeida, co-presidente da RGCA, disse que estava triste e frustrada com a decisão. "Acho que o que acontece é o habitual: a Igreja diz publicamente que é acolhedora [às pessoas e organizações LGBT], mas é pressionada pelos organizadores. Gostaríamos de poder chegar lá e dizer que somos assim e que é melhor termos uma conversa."
Embora o Papa estivesse "tentando criar espaço para nós", havia forças conservadoras no Vaticano puxando para trás, contou. "Há uma grande luta de poder no Vaticano, mas as pessoas querem ver a mudança. É uma batalha perdida."
De acordo com a RGCA, Paul McCann, coordenador das exposições do EMF, disse que o resultado do pedido não tinha sido positivo por causa de "incertezas sobre o espaço disponível para exposições por outras questões logísticas".
Outra organização, a We Are Church, que luta por igualdade e inclusão dentro da Igreja Católica, também teve o pedido para ter uma barraca na sala de exposições negado.
O EMF mostrou "uma mentalidade fechada e de exclusão, contradizendo os pedidos constantes do Papa Francisco por diálogo na Igreja Católica", disse Brendan Butler, porta-voz da Irlanda para a We Are Church, ao Irish Times, no mês passado.
Diarmuid Martin, arcebispo de Dublin, afirmou que o EMF acolhe a todos, apesar de cinco fotos de casais homossexuais terem sido substituídas por famílias tradicionais nos folhetos do encontro em janeiro.
Além disso, um vídeo de David O'Connell, bispo auxiliar de Los Angeles, foi editado e a declaração de que todas as famílias, incluindo as famílias homossexuais, eram bem-vindas no evento, foi excluída.
No entanto, o evento também contará com a fala de James Martin, padre jesuíta estadunidense que defende os direitos LGBT.
A Irish Society for Christian Civilisation, uma sociedade para a civilização cristã, está divulgando um abaixo-assinado para reunir assinaturas pedindo para o arcebispo Martin retirar o convite ao padre Martin, argumentando que ele é "conhecido pela dissidência da doutrina da Igreja sobre moralidade sexual" e que qualquer fala será "uma sombra" para o EMF. Quase 11.000 pessoas apoiaram o abaixo-assinado.
Leo Varadkar, taoiseach irlandês (Nota de IHU On-Line: taoiseach é o termo que na língua gaélica irlandesa designa o chefe de governo da República da Irlanda), afirmou que vai levantar a questão do casamento homossexual e dos direitos LGBT com o Papa quando encontrá-lo na próxima semana.
Há três anos, a Irlanda votou em um referendo para apoiar o casamento homossexual, desafiando a doutrina da Igreja Católica e tornando-se o primeiro país do mundo a apoiar a igualdade no casamento em uma votação popular.
O EMF não se pronunciou diante do pedido do The Guardian.
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Encontro Mundial de Famílias. Grupo católico LGBT é rejeitado pela organização do evento no qual o Papa participará em Dublin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU