Por: Rafael Francisco Hiller | 22 Abril 2018
A questão referente à autonomia do pensar e do fazer político deve ser colocada no cerne dos nossos questionamentos, a partir do momento em que “forças” ocultas ameaçam nossa liberdade de agir e de pensar.
A força garantidora de nossa autonomia deve ser buscada no resgate das heranças de lutas e conquistas sociais alcançadas ao longo da história dos movimentos sociais. Torna-se necessário o livre pensar humano, a fim de que possamos, sem amarras, olhar para trás e considerar valorosas tais lutas e conquistas. Porém, tal liberdade de pensamentos só será alcançada quando nos livrarmos das influências perniciosas impostas pelos nossos algozes.
Como apropriarmo-nos de tais legados a fim de que os mesmos nos sirvam de esteio para lutas futuras? Sobre nossa herança genética, de forma geral, nada podemos fazer a não ser aceitá-la; e quanto à nossa herança de lutas e conquistas sociais? Como “fixá-la” no íntimo dos nossos seres a fim de que ela nos torne agentes de mudanças sociais?
A autonomia pode ser entendida como a vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exógeno com uma influência subjugante. Tal definição pode nos servir como suporte para pensarmos o papel da autonomia, tanto no ímpeto de resgatar nossas heranças de lutas sociais, como no impulso de usar as mesmas em nossa luta diária em busca de justiça social.
A vontade humana ao se autodeterminar autônoma se autodenomina, por redundância conceitual, necessariamente, livre. Tal autonomia é garantidora de todas ferramentas necessárias para o livre pensar e para o livre fazer político, fazeres estes tão necessários para o enfrentamento de nossas moléstias diárias. Encontrando a verdadeira autonomia do pensar e do fazer político nos aproximamos, um pouco mais, de um dos nossos principais objetivos comuns, a justiça social. Tal objetivo é o que a vontade humana sempre buscou e continuará a buscar.
Alana Moraes, no Cadernos IHU Ideias número 268, “pretende pensar o problema da autonomia no fazer político hoje a partir de algumas problemáticas relacionadas à transição entre ciclos de lutas no Brasil. Superando o binômio velhos e novos movimentos, as reflexões apresentadas aqui respiram pelos interstícios e traçam algumas linhas entre a autonomia do petismo dos anos 1980 e as proposições daqueles e aquelas que foram às ruas em 2013 e que continuam experimentando possibilidades de luta e resistência”.
1. No intenso agora: 50 anos de 1968
2. O problema não é a herança, e sim o que fazer dela
3. Praças, escolas, terrenos, aldeias, quilombos: ocupação como tecnologia política
4. Contato, improvisação, novos respiros
5. Revolução, contrafeitiços
Alana Moraes | Foto: Arquivo pessoal
Alana Moraes, antropóloga, doutoranda no Museu Nacional-UFRJ. É coorganizadora dos livros Junho: potência das ruas e das redes (F. Ebert, 2014) e Cartografias da emergência: novas lutas no Brasil (F. Ebert, 2015). Pesquisa novas formas de politização no Brasil a partir da experiência das ocupações urbanas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na periferia de São Paulo. Estuda os cruzamentos entre política, gênero e classe e epistemologia feminista. É parte do cursinho popular Dandara na ocupação povo sem medo do Capão Redondo e da rede de pesquisa-luta Urucum.
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A autonomia do pensar e do fazer político - Instituto Humanitas Unisinos - IHU