14 Abril 2020
Adelaide Molinari. Brasil, †1985
Irmã Adelaide Molinari, filha dos agricultores, Salvador e Cecília Molinari, nasceu em Garibaldi-RS, no dia 02/02/1938, mudando-se, ainda menina, para Palmeira das Missões-RS. Trabalhava com a família na roça. Aí descobriu sua vocação religiosa. Com o apoio de seus pais, foi morar com as Filhas do Amor Divino. Estudou. Tornou-se Irmã e assumiu o Carisma da Congregação: estar a serviço dos mais necessitados.
Adelaide foi uma das primeiras Filhas do Amor Divino que se dispôs a trabalhar nas Missões, no Pará. Chegou a Eldorado aos 08 de abril de 1983 com mais duas Irmãs para ser presença da Igreja no meio daquele povo pobre, sofrido e necessitado.
No domingo, dia 14 de abril de 1985, pelas 15 horas Irmã Adelaide se encontrava na Rodoviária de Eldorado do Carajás, e enquanto aguardava o ônibus para retornar à Casa das Irmãs em Curionópolis, PA, conversava com o Delegado Sindical Arnaldo Dolcídio Ferreira do STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá).
O sindicalista Arnaldo já havia recebido várias ameaças de morte e nesta hora sofreu um atentado à bala que perfurou o seu tórax e atingiu a Irmã Adelaide perfurando uma artéria do pescoço por onde jorrou todo o seu sangue o que a levou à morte instantânea. Arnaldo sobreviveu a este atentado, mas foi assassinado 07 anos mais tarde também em Eldorado do Carajás.
O sangue desta mártir, derramado em terras paraenses, veio unir-se ao sangue de tantos outros, que, a partir de Jesus Cristo já tombaram na luta pelo bem, para que o direito do pobre seja respeitado.
O corpo de Irmã Adelaide foi velado na Igreja Nossa Senhora das Graças, em Curionópolis, PA para onde o povo acorreu durante toda a noite do dia 14 e durante o dia 15 de abril de 1985. O povo expressava seus sentimentos com muita oração e mensagens, como as que seguem:
“Calaram a voz da Irmã Adelaide, mas não calarão a voz de Deus”.
“O assassinato de Irmã Adelaide torna visível a morte que o povo padece”.
“Sempre fiel ao Amor de Jesus, ela deu a vida pelos irmãos”.
“Não pensem que calarão a voz de Deus matando seus profetas”.
“Nunca morre que vive no coração dos vivos. Irmã Adelaide está viva em nossos corações”.
O sepultamento de Irmã Adelaide foi realizado na noite do dia 15 de abril de 1985, numa sepultura ao lado da Igreja Nossa Senhora das Graças, em Curionópolis, PA e a partir do ano seguinte, sempre é realizada uma Celebração Especial chamada de Caminhada Irmã Adelaide, que iniciou com 300 pessoas e já atingiu 3.000 pessoas. Esta Caminhada é realizada sempre no sábado após a Páscoa iniciando na Igreja de Eldorado do Carajás, passando pelo local do martírio e indo até a sepultura, em Curionópolis, um trajeto de cerca de 30 quilômetros. “O caminho transforma os caminhantes. Eldorado do Carajás a Curionópolis se tornou espaço de regeneração em que a cura interior dos que percorrem na fé o caminho é o modo de erguer a cabeça de um povo que não se cansa de procurar a paz”, diz Irmã Angelita Fernandes uma das Filhas do Amor Divino que esteve presente em todas as Caminhadas.
Ainda em 1985, Dom Alano Maria Pena, então Bispo de Marabá, em visita ao Papa João Paulo II, ouviu dele a seguinte frase: “Irmã Adelaide é mártir da justiça”.
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14 abril de 1985 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU