05 Abril 2018
Os dados compartilhados de forma pública, como nome, foto de perfil, telefone e e-mail, pela maioria dos 2,13 bilhões de usuários da rede social Facebook já foram coletados por terceiros, segundo revelou o próprio Facebook nesta quarta-feira, 4. A empresa também revelou na ocasião que o número de usuários que tiveram seus dados coletados no caso envolvendo a empresa de inteligência Cambridge Analytica é próximo de 87 milhões e não 50 milhões, como divulgado em março quando o caso foi revelado. Os dados públicos foram acessados por terceiros por meio da busca que permite encontrar usuários da rede social usando o nome ou número do celular.
A reportagem é de Claudia Tozetto, publicada por O Estado de S. Paulo, 05-04-2018.
Durante conferência, Zuckerberg explicou que, durante a investigação que a empresa fez para entender como a Cambridge Analytica teve acesso às informações dos usuários, a equipe também descobriu que o recurso de busca de usuários do Facebook também estava sendo usado para coletar dados de usuários de forma massiva. "A maioria dos usuários tem esse recurso ligado nas configurações de privacidade", afirmou Zuckerberg. "É razoável pensar que, se você tinha o recurso que permite esse tipo de busca ligado nos últimos anos, então alguém teve acesso às suas informações públicas."
De acordo com o executivo, a equipe da empresa só tomou conhecimento do número maior de usuários afetados no caso da Cambridge Analytica e também do mal uso da ferramenta de busca para "raspar" dados públicos de usuários nos últimos dias. A empresa finalizou recentemente a investigação para determinar de que maneira os dados pessoais de dezenas de milhões de usuários foram parar nas mãos de uma empresa de inteligência Cambridge Analytica. Segundo Zuckerberg, os dados são aproximados, já que não existem registros dos acessos de Kogan à rede social. "É o número mais próximo que podemos ter", afirmou Zuckerberg.
Durante a conferência, Zuckerberg evitou falar sobre a pressão dos investidores sobre a empresa, que já perdeu US$ 73 bilhões em valor de mercado desde a revelação do escândalo do uso ilícito de dados. O executivo não comentou o impacto que o caso pode ter nos resultados financeiros da empresa em curto prazo. Além disso, ele se esquivou quando questionado diretamente sobre se o conselho de administração já considerou substituí-lo na liderança da empresa. "Não [é algo de] que eu esteja ciente", disse.
O executivo também foi questionado se é a melhor pessoa para liderar o Facebook nos próximos anos. "Eu acho que sou a melhor pessoa para identificar o que temos que fazer para ir em frente", afirmou Zuckerberg. "Quando você cria algo como o Facebook, que não tem precedentes, com certeza vai cometer erros. Sou o primeiro a admitir que erramos, mas temos que admitir que bilhões de pessoas amam o produto. Temos que aprender com os erros e seguir em frente."
Zuckerberg também rebateu informações publicadas pela agência de notícias Reuters ontem, em que a reportagem afirmou que ele não estaria disposto a oferecer o mesmo nível de privacidade dos dados que terá de oferecer na União Europeia, como parte do atendimento à Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR), que entra em vigor no velho continente em maio. "Eu acho que regulações como a GDPR são positivas", disse ele. "Nós vamos oferecer os mesmos controles em todos os lugares, embora eles possam mudar de forma em alguns países."
Zuckerberg falou à imprensa horas depois de o Facebook anunciar algumas mudanças significativas, como uma nova versão de seus termos de uso e de sua política de uso de dados, além de restrições para o uso de interfaces de programação de aplicativos (APIs) por desenvolvedores da plataforma. Na semana passada, a empresa já havia anunciado melhorias em seus controles de privacidade e também que iria acabar com as parcerias com grandes provedores de dados, como a Serasa Experian.
"Em nossa primeira década, nós focamos em todo o benefício que conectar as pessoas pode trazer", afirmou o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, em conferência com a imprensa há pouco. "Está claro agora que nossa responsabilidade é mais ampla e que não focamos o suficiente em prevenir abusos e em pensar em como as pessoas poderiam usar nossas ferramentas para o mal."
Para especialistas ouvidos pelo Estado, as mudanças e as declarações de Zuckerberg são novas tentativas de a companhia retomar a confiança dos usuários. “As pessoas esperavam que o Facebook fizesse isso há muito tempo”, diz Cerdeira. Segundo o especialista, há pouco a ser feito pelos dados que já foram retirados da rede social de forma ilícita, mas é preciso limitar a possibilidade de esse tipo de caso acontecer novamente.
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Dados públicos da maioria dos 2,13 bi de usuários do Facebook já foram coletados por terceiros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU