01 Março 2018
Foi publicado há pouco na Alemanha um livro, considerado um best-seller, de Erik Flügg, com o título provocador Die Kirche verreckt um ihrer Sprache ("A Igreja sucumbe por causa da sua linguagem"). O texto reflete sobre como deveria ser a anunciação da Igreja.
O comentário é de Johann Pock, publicado por Settimana News, 23-02-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Johann Pock, teólogo e docente austríaco, professor de teologia pastoral na Faculdade Católica Teológica da Universidade de Viena, recolheu algumas indicações a partir da convicção de que, há algum tempo, a pregação é uma arte que nem todo sacerdote possui. Mas como ter certeza de que um sermão pode ser chamado de "bom"?
Os sermões (que podem ser homilias ou outras formas de intervenção nos serviços litúrgicos) - escreve J. Pock - constituem uma forma especial de linguagem espiritual no contexto das celebrações litúrgicas. O Papa Francisco expressou-se sobre isso na Exortação Apostólica Evangelii gaudium (135) em que afirma: "A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e capacidade de encontro de um pastor com o seu povo".
A partir desta afirmação, J. Pock compôs para o katholisch.de (20/02/2018) as seguintes cinco sugestões:
A anunciação do Evangelho requer pregadores animados e apaixonados. O entusiasmo e o envolvimento não são apenas estimulantes para a comunidade, mas também para aqueles que pregam. Eu também sinto a mesma alegria pelo sermão? Sinto-me feliz, como pregador, por conseguir transmitir algo da minha fé? Infundem-me alegria os rostos cheios de expectativa e uma viva comunidade litúrgica? A Boa Nova precisa de uma proclamação apaixonada e de pregadores animados. Os sermões não devem ser pacotes espirituais de pílulas soporíferas e nem mesmo discursos piedosos ou mornos. É mais um testemunho, que não deveria ser um martírio para os ouvintes, mas algo que expresse o fogo da fé do pregador.
A Bíblia representa o ponto de partida central e de referência para as pregações. A comunidade tem o direito de saber que são biblicamente fundamentadas. Portanto, não são lições científicas. As pessoas devem perceber facilmente que o pregador conhece a Bíblia. A própria Bíblia com seus gêneros literários oferece um grande exemplo: parábolas, fábulas, crônicas, cartas, discursos jurídicos, textos legais, sermões morais e histórias de milagres, ou seja, toda uma retórica de escritos que convidam a mergulhar na leitura e estimulam a imitação. Mesmo a esse respeito, vale o princípio da retórica: que não percebe nada, nada entrará em sua cabeça. Pregar geralmente significa empreender uma viagem de descoberta na Sagrada Escritura, considerar as diferentes traduções e se deixar surpreender pela Bíblia.
Os sermões deveriam ser curtos e atraentes, como recomendado pelo Papa Francisco. A "brevidade" depende de cada situação. O Papa Francisco fala de cerca de 10 minutos. Os hábitos de escuta das pessoas mudaram. As pessoas vêm à missa, a uma celebração, e uma parte dela, embora limitada, é composta pelo sermão. Por outro lado, os sermões breves precisam de mais preparação do que os discursos longos.
Na brevidade, surgem mais aromas. Mas não necessariamente a brevidade torna um sermão "atraente", mas sim a clareza e a compreensão dos pensamentos. Um discurso plástico, capaz de despertar imagens na mente dos ouvintes, é mais agradável do que longas e abstratas explicações.
Uma palavra mágica na formação para a pregação é "autenticidade" ou – de forma mais familiar - "não se deveria pregar água e beber vinho". Se o anúncio e a pessoa estão em harmonia entre si, os ouvintes aceitarão até mesmo a pobreza de estilo na maneira de falar e na estrutura. No entanto, esse princípio não significa simplesmente retomar sermões de outros. Os sermões são uma mensagem que deve ter atravessado a pessoa - e isso precisa ser sentido.
Cada sermão acontece em uma determinada situação - na Missa dominical, em uma celebração sacramental ou em serviços ocasionais. De acordo com a teoria da comunicação, um pregador precisa se adaptar ao seu auditório e não o contrário. Isso é verdade se quiser conseguir alguma coisa, edificar, consolar e instruir. Portanto, já a preparação do sermão deve ser adaptada à situação (nas palavras de Rolf Zerfass é o que se chama de "bissociação", ou seja, o confronto com as diferentes circunstâncias sociais).
Mas o sermão também precisa de pregadores atuais. Isso significa não só ter a capacidade de reagir diante de uma situação incomum, mas também a confiança de que o Espírito de Deus completa o que falta para o pregador.
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Cinco sugestões para a homilia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU