12 Janeiro 2018
Um novo artigo publicado na revista Science mostra que as concentrações de oxigênio no oceano estão caindo, não apenas como resultado das mudanças climáticas, mas também da poluição. Tal fenômeno representa uma séria ameaça para a vida marinha e para as populações cuja sobrevivência depende dos oceanos.
A reportagem é publicada por ONU Brasil, 09-01-2018.
O estudo — realizado por uma equipe de cientistas da Global Ocean Oxygen Network, um novo grupo de trabalho criado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO — destaca os maiores perigos para as comunidades oceânicas e costeiras e o que será necessário fazer para manter as águas da Terra saudáveis e produtivas.
Um novo artigo publicado na revista Science mostra que as concentrações de oxigênio no oceano estão caindo, não apenas como resultado das mudanças climáticas, mas também da poluição. Tal fenômeno representa uma séria ameaça para a vida marinha e para as populações cuja sobrevivência depende dos oceanos.
O estudo, compilado por uma rede de cientistas iniciada pela ONU, também enfatiza a importância de combater tanto as mudanças climáticas como a poluição para travar a expansão de zonas com baixo nível oxigênio no mundo.
“O oxigênio é fundamental para a vida nos oceanos”, disse Denise Breitburg, cientista do Centro de Investigação Ambiental Smithsonian, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo. “O declínio do nível de oxigênio nos oceanos está entre os mais sérios efeitos das atividades humanas no meio ambiente terrestre”, declarou.
O estudo afirma que o nível de oxigênio dos oceanos e águas costeiras tem caído há ao menos 50 anos, principalmente por conta de atividades humanas que aumentaram a temperatura global e a poluição lançada nas águas costeiras.
Por exemplo, quantidade de água no oceano com zero oxigênio aumentou mais do que quatro vezes nos últimos 50 anos, enquanto em corpos d’água costeiros, incluindo estuários e mares, os locais com baixo oxigênio subiram mais de dez vezes desde 1950.
Com o aumento das temperaturas, o nível de oxigênio no oceano deverá diminuir ainda mais, o que ameaça a biodiversidade e resulta em crescimento atrofiado, doenças, sufocação e morte de muitos animais.
O estudo — realizado por uma equipe de cientistas da Global Ocean Oxygen Network, um novo grupo de trabalho criado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO — destaca os maiores perigos para as comunidades oceânicas e costeiras e o que será necessário fazer para manter as águas da Terra saudáveis e produtivas.
A mudança climática é uma clara culpada. Devido ao aumento das temperaturas, o aquecimento das águas superficiais torna mais difícil para o oxigênio alcançar o interior do oceano.
À medida que o oceano se aquece, a quantidade de oxigênio diminui. Nas águas costeiras, o excesso de poluição cria flores de algas, que drenam o oxigênio quando morrem e se decompõem. Mas há outras causas que precisam ser abordadas em conjunto com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Para manter a queda de oxigênio sob controle, os cientistas disseram que o mundo precisa abordar a questão por três ângulos. O primeiro deles é enfrentar as causas: a poluição e a mudança climática.
Embora nenhuma dessas questões seja simples ou fácil, as etapas necessárias para resolver o problema podem beneficiar as pessoas e o meio ambiente. Melhores sistemas sépticos e de saneamento podem proteger a saúde humana e diminuir a poluição na água. Reduzir as emissões de combustíveis fósseis não só diminui os gases de efeito estufa e combate as mudanças climáticas, como reduz os poluentes perigosos do ar, como o mercúrio.
A segunda abordagem é proteger a vida marinha vulnerável. Com alguma redução dos níveis de oxigênio sendo inevitável, é crucial proteger peixes em risco de estresse adicional. De acordo com a equipe de cientistas, isso poderia significar a criação de áreas marinhas protegidas ou zonas sem capturas nas áreas que os animais utilizam para escapar do baixo oxigênio, ou focar a pesca em peixes que não estejam ameaçados pela queda de níveis de oxigênio.
Também é necessário melhorar o rastreamento de áreas com baixo oxigênio em todo o mundo. Os cientistas têm uma boa compreensão de quanto oxigênio o oceano pode perder no futuro, mas não sabem exatamente onde essas zonas de baixo oxigênio baixo estarão localizadas.
O monitoramento aprimorado, especialmente nos países em desenvolvimento, e os modelos numéricos ajudarão a identificar quais locais correm maior risco e determinar as soluções mais eficazes.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 visa a “conservar e usar os oceanos, mares e recursos marinhos de forma sustentável para o desenvolvimento sustentável”.
Por meio de uma ampla gama de iniciativas, as Nações Unidas estão liderando os esforços globais para ampliar a cooperação para a proteção dos oceanos do mundo. No mês passado, a Assembleia Geral da ONU adotou uma resolução para convocar negociações para um tratado internacional de proteção de ambientes marinhos.
Durante a conferência ambiental da ONU em Nairóbi, no Quênia, em dezembro do ano passado, delegados das Nações Unidas aprovaram uma resolução com o objetivo de enfrentar ameaças como a poluição dos oceanos e o descarte de plásticos no ambiente marinho. Entre outras medidas, o acordo também visa à formação de uma força tarefa internacional que irá assessorar os países sobre formas de combater a poluição marinha.
A presidência fijiana da COP23 também lançou uma iniciativa para melhorar a saúde dos oceanos e proteger os ecossistemas ameaçados pela mudança climática na conferência anual sobre mudança climática de Bonn, na Alemanha, em novembro do ano passado. Além disso, a ONU realizou a conferência de alto nível sobre os oceanos no ano passado com o objetivo de mobilizar esforços para reverter o declínio da saúde dos oceanos em benefício das pessoas, do planeta e da prosperidade.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Redução do nível de oxigênio nos oceanos ameaça vida marinha, alerta estudo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU