13 Setembro 2006
Recebemos e publicamos a Carta final do Encontro Estadual de Jovens realizado nos dias 6 a 8 de setembro, em São Miguel dOeste, Santa Catarina.
Eis a Carta Final:
"Vivemos um momento conjuntural onde a esquerda apresenta-se fragmentada, dificultando a unificação em torno de um objetivo estratégico e até mesmo uma melhor clareza em visualizar os verdadeiros inimigos. Estamos atravessando uma profunda crise de caráter político, econômico, de valores e ideológico, refletindo na ausência de um projeto que contemple as necessidades e os anseios do povo trabalhador, gerando grandes incertezas.
Diante desta realidade e na perspectiva de transpor a crise rumo a um objetivo maior, nós jovens do campo e da cidade percebemos a necessidade de agirmos coletivamente, em torno da construção de um projeto. Vindos de 52 municípios de Santa Catarina, jovens do MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), PJs (Pastorais da Juventude), Militantes do Movimento Estudantil, e contando com a participação de jovens argentinos, da UTR (União dos Trabalhadores Rurais), nos reunimos no município de São Miguel d´Oeste de 6 a 8 de Setembro, para discutir as tarefas da juventude na construção do Projeto Popular para o Brasil.
Propomos-nos a construir um país onde o resultado do trabalho seja dividido com quem o realiza, onde todos e todas participem das decisões não sejam apenas meros consumidores e executores das tarefas delegadas por outros. Não aceitamos o fato de sermos encarados como objeto de manipulação do capital e da mídia mentirosa que tenta nos levar à passividade e ao individualismo.
Na mística de nossos movimentos tecemos novos valores que se consolidam em nossas lutas. Assim, reafirmamos nosso compromisso com o estudo, com a disciplina militante, com a necessidade de potencializarmos as formas de luta existentes e impulsionarmos o surgimento de novas, bem como fortalecermos as Assembléias Populares, que se apresentam como uma importante ferramenta de organização.
Defendemos sobretudo a soberania dos povos e a democratização da riqueza gerada pelo trabalho que estes realizam. Insistimos na reestatização de patrimônios públicos, como a Companhia Vale do Rio Doce, que foi roubada do povo e entregue à burguesia em um processo de leilão fraudulento. Lutamos também pela redução da tarifa de energia elétrica que no Brasil, é uma das mais caras do mundo.
Desafiamos-nos a construir um instrumento político de novo tipo, baseado nas idéias que trazem em seu horizonte a emancipação do ser humano e os valores socialistas; ancorado na organização popular, no trabalho de base, nas lutas concretas, na pedagogia do exemplo e no resgate da cultura do povo; um instrumento inovado pelas práticas juvenis e populares e que tenha autonomia perante governos e instituições.
A sociedade do futuro é a que formos capazes de construir no presente. Sejamos ousados na construção de nosso projeto, priorizando a coletividade e nos indignando contra qualquer injustiça. Pois a edificação da nova sociedade será fruto da juventude que decidiu ser sujeito de sua história."
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Jovens Lutadores e Lutadoras do Povo. Por um Projeto Popular para o Brasil! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU