Cecília Meireles na oração inter-religiosa desta semana

Interior da cúpula da mesquita do Taj Mahal, mostrando o trabalho geométrico em pedra | Foto: Wmpearl - Wikimedia Commons

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10 Novembro 2017

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.

Participação

De longe, podia-se avistar o zimbório e os minaretes

e mesmo ouvir a voz da oração.

De perto, recebia-se nos braços
aquela arquitetura de arcos e escadas,
mármores reluzentes e tetos coberto de ouro.

De mais perto, encontrava-se cada pássaro
embrenhado nas paredes,
cada ramo e cada flor,
e a fina renda de pedra que bordava a tarde azul.

Mas só de muito perto se podia sentir a sombra das mãos
que outrora houveram afeiçoado
coloridos minerais
para aqueles desenhos perfeitos.
E o perfil inclinado do artesão,
ido no tempo anônimo,
um dia ali de face enamorada em seu trabalho,
servo indefeso.

E só de infinitamente perto se podia ouvir
a velha voz do amor naquelas salas.
(Ó jorros de água, finíssimas harpas!)
E os nomes de Deus, inúmeros,
Em lábios, paredes, almas...

(Ó longas lágrimas, finíssimos arroios!)

Pobreza, riqueza,
trabalho, morte, amor,
tudo é feito de lágrimas.

Fonte: Cecília Meireles. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 636-637.

Cecília Meireles | Foto: Acervo Última Hora

Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901-1964): Professora, poetisa, jornalista e pintora nascida no Rio de Janeiro. Foi a primeira mulher brasileira a ganhar expressão na literatura; aos 18 anos publicou seu primeiro livro de sonetos, Espectro (1919). Integrou o círculo literário da Revista Festa, um grupo católico de onde trouxe a tendência espiritualista que percorrem seus poemas. Com mais de 50 obras publicadas, sua composição poética foi marcada por muita musicalidade. Entre as homenagens recebidas, destaca-se o Prêmio Machado de Assis de 1965. 

As poesias "Canteiros" e "Motivo" foram musicadas pelo cantor Fagner. Em meio a sua vasta produção literária, destacamos: Viagem (1939), que lhe rendeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras; Vaga Música (1942); 
Mar Absoluto (1945); Poemas Escritos Na Índia (1962); Antologia Poética (1963); Ou Isto Ou Aquilo (1965); Escolha o Seu Sonho (1964).