11 Agosto 2017
"As técnicas de manejo empregadas também interferem. Diferentes técnicas de manejo podem acarretar impactos bastante distintos. Se no momento da colheita, por exemplo, galhos, folhas e cascas são deixados no local, parte dos nutrientes retirados pela árvore é devolvida ao solo. A manutenção dessa matéria orgânica auxilia também na redução do processo erosivo" escreve Roberto Naime, doutor em Geologia Ambiental e integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale, em artigo publicado por EcoDebate, 10-08-2017.
As questões ambientais ganham importância cada vez maior para a sustentabilidade do desenvolvimento socioeconômico das nações. Isto inclui questões relativas aos impactos ambientais de florestas de eucalipto, sobre a água, o solo, a biodiversidade e a atmosfera.
Assertivas generalistas devem ser recebidas com ressalvas, pois de acordo com as análises elaboradas, os impactos ambientais das florestas de eucalipto dependem, fundamentalmente, das condições prévias ao plantio, da densidade pluviométrica, do tipo de solo, da declividade dos solos e da distância das bacias hidrográficas.
E também das técnicas agrícolas empregadas como densidade do plantio, métodos de colheita, presença ou não de corredores biológicos e atividades consorciadas.
As plantações florestais de eucalipto têm estado no meio de grandes controvérsias e continuam a despertar acalorados debates quanto a seus impactos no meio ambiente.
De modo geral, criticam-se os efeitos sobre o solo com empobrecimento e erosão, a água com os impactos sobre a umidade do solo, os aquíferos e lençóis freáticos e a baixa biodiversidade observada em monoculturas.
Entretanto, as plantações de eucalipto estão presentes nas mais diversas regiões do mundo, localizadas em diferentes altitudes, diferentes tipos de solo, sob diferentes regimes pluviométricos. Por isso, generalizações abstratas sobre o tema, tais como “O eucalipto seca o solo” devem ser recebidas com ressalvas.
Parece, de fato, que as controvérsias e debates giram mais em torno de questões sociopolíticas e econômicas do que, propriamente, no âmbito acadêmico e científico, em que os estudos não apresentam discrepâncias significativas. Ao contrário, muitas concepções sobre os temas relacionados ao eucalipto e o meio ambiente costumam apontar na mesma direção, sinalizando mais consenso do que discussão.
A atividade silvicultural, assim como outras atividades econômicas, podem causar impactos ambientais, sendo que no caso dos eucaliptos, nenhum deles é inexorável. Todos podem ou não estar presentes de acordo com uma série de circunstâncias.
Plantios desenvolvidos em áreas degradadas, com solos de baixa fertilidade, na presença de erosão ou em áreas de pastagens, por exemplo, geram impactos positivos sobre diversas variáveis ambientais, como a elevação da fertilidade do solo, a redução do processo erosivo e o aumento da biodiversidade (existem mais espécies de flora e fauna em florestas de eucalipto do que em pastagens ou em monocultivos de cana-de-açúcar ou soja, por exemplo).
O regime hídrico da região influencia. De acordo com os artigos analisados, apenas em regiões de pouca chuva, abaixo de uma faixa de 400 mm/ano, o eucalipto poderia acarretar ressecamento do solo.
Os impactos sobre lençóis freáticos, pequenos cursos d´água e bacias hidrográficas dependem da região em que se insere a plantação e também da distância entre as plantações e a bacia hidrográfica e da profundidade do lençol freático.
O bioma de inserção da atividade silvicultural considerada. Os impactos sobre a biodiversidade local também dependem do bioma e da condição prévia da região onde a floresta será implantada. Implantadas em áreas de florestas nativas, como as de mata atlântica, as plantações acarretam redução da biodiversidade.
Implantada em região de savana, ou mesmo numa região que anteriormente era coberta com mata atlântica, mas que foi desmatada, a floresta exótica acarreta aumento da biodiversidade da flora e fauna locais.
As técnicas de manejo empregadas também interferem. Diferentes técnicas de manejo podem acarretar impactos bastante distintos. Se no momento da colheita, por exemplo, galhos, folhas e cascas são deixados no local, parte dos nutrientes retirados pela árvore é devolvida ao solo. A manutenção dessa matéria orgânica auxilia também na redução do processo erosivo.
As empresas do setor florestal desenvolvem plantações sob a forma de mosaicos, intercalando faixas de florestas nativas com as plantações, conhecidas por “corredores ecológicos” ou, ainda, por “corredores biológicos”. Essas plantações em mosaico permitem a interligação entre o habitat e a floresta plantada e constituem um corredor entre fragmentos de floresta.
Os impactos ambientais de florestas de eucalipto natural, permitindo a passagem de animais e ampliando o habitat disponível à fauna local geram situações favoráveis.
A integração da população local na atividade silvicultural com eucaliptos não exclui do sítio onde é realizada a possibilidade de outras formas consorciadas de produção. Com maior espaçamento entre as árvores, empresas do setor têm mostrado ser possível não só o cultivo de diferentes grãos como milho, girassol e culturas de subsistência nos primeiros anos de plantio, mas também a criação de gado de corte e leite em meio às plantações, quando as árvores já estão mais crescidas.
Isso amplia o espectro de alcance econômico das plantações, aumentando o número de produtos obteníveis a partir da floresta assim como o número de empregos gerados e possibilita melhor aproveitamento do solo.
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Impactos Ambientais dos Eucaliptos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU