19 Julho 2017
"Até que as pessoas não vejam robôs matando gente na rua não se entenderão os perigos da inteligência artificial", afirma Elon Musk. O CEO da SpaceX alerta para os riscos aos quais a sociedade com inteligência artificial sem supervisão.
Musk | Foto: Reprodução / Twitter
A reportagem é de Félix Palazuelos e publicada por El País, 18-07-2017.
Elon Musk instou os governadores dos Estados Unidos a tomar medidas contra os riscos à sociedade que existem no desenvolvimento da inteligência artificial e que seja criado um órgão que supervisione e oriente o seu desenvolvimento.
Musk, fundador do PayPal, CEO da fabricante do veículos Tesla Motors e da empresa aeroespacial SpaceX, é considerado um dos principais protagonistas da inovação. Luta através de suas empresas para acelerar a transição às energias renováveis e quer transformar a raça humana em uma espécie multiplanetária. Mas no que se refere à inteligência artificial, acredita que é preciso pisar no freio. “É um risco para a existência da nossa civilização”, advertiu o empresário aos governadores em uma reunião que aconteceu no sábado, em Rhode Island. “Até as pessoas não vejam robôs matando gente na rua não se entenderão os perigos da inteligência artificial”.
Musk pede que, ao contrário do que acontece em outras indústrias, se regulamente de forma proativa ao invés de esperar que surjam problemas. Se chegarmos a esse ponto, será “tarde demais”.
O empresário adverte que “ao contrário de comida estragada” os carros com defeitos de fábrica e os acidentes de avião, que são regulados porque pode afetar um grupo de indivíduos, a inteligência artificial afeta toda a sociedade. “Permitiríamos que qualquer um fabricasse aeronaves sem nenhum tipo de controle?”, perguntou retoricamente Musk. “Costumo ser contra as regulamentações estritas, mas em inteligência artificial ela é necessária”.
Stephen Hawking advertiu por sua vez para o risco do avanço da inteligência artificial por parte de empresas privadas sem controle para a raça humana. O desenvolvimento dela surpreende até mesmo seus próprios responsáveis. Anos atrás era inconcebível que um computador ganhasse um jogo de go, o jogo de lógica e estratégia que se originou na antiga China há mais de 2.500 anos, mas o Google conseguiu vencer os melhores em poucos anos de desenvolvimento, revolucionando para sempre a forma de jogar.“[As máquinas] poderiam começar uma guerra publicando notícias falsas, roubando contas de e-mail e enviando comunicados de imprensa falsos, apenas manipulando a informação”, disse Musk. “A caneta é mais poderosa do que a espada”.
Os governadores expressaram preocupação sobre os robôs e seu impacto iminente no mercado de trabalho. Eles nunca estarão cansados, não cairão doentes e serão mais capazes, baratos e produtivos do que os seres humanos. “Viveremos grandes mudanças porque os robôs farão o nosso trabalho muito melhor do que nós”, disse o sul-africano. “Do que todos nós”, esclareceu, dando a entender que também se inclui. O transporte será o primeiro grande setor a ser afetado, mas o empresário deixou claro que afetará a todos, sem exceção.
Também teve a oportunidade de falar sobre a Tesla e o futuro. O empresário acredita que a adoção de veículos elétricos crescerá exponencialmente e que dentro de 10 anos mais da metade dos veículos produzidos nos EUA será totalmente elétrica. E a maioria deles, autônoma. “Dentro de 20 anos, não é que não haverá pessoas ao volante. É que simplesmente não haverá volante”, disse Musk, convencido. “Poderá ter alguém com um carro tradicional, mas será como usar hoje um cavalo como meio de transporte. Possível, mas pouco comum”.
Para que tudo seja elétrico só precisamos do sol e das baterias, de acordo com o roteiro do fundador da Tesla. “Parece que precisamos de uma enorme quantidade de energia, mas é muito pequena em comparação com o que o sol nos dá”, disse Musk. “Para alimentar completamente os EUA, precisamos de 100 milhas quadradas de painéis solares e de uma milha quadrada de baterias. Não é muito, é um pequeno quadradinho no mapa”.
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Elon Musk: “A inteligência artificial ameaça a existência da nossa civilização” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU