24 Abril 2017
“Apelamos às autoridades para que protejam o povo da região que se sente abandonado e sozinho no meio de tantos conflitos. Assentados relataram “que sofrem o medo e sentem-se ameaçados e pressionados pelos venenos jogados em plena floresta amazônica atingindo a agricultura familiar e a saúde das pessoas. Sentem-se oprimidos pelos poderosos do agronegócio”, denuncia Dom Neri José Tondello, bispo da Diocese de Juína-MT, referindo-se ao massacre de Colniza.
Eis a nota.
Carta ao Povo de Deus
“Os pobres possuirão a terra”
Queridos diocesanos e diocesanas! Queridos irmãos e irmãs na fé.
Anuncio com muita tristeza e com profunda dor o assassinato de nove (9) pessoas na Região Noroeste do Estado de Mato Grosso, Município de Colniza, Distrito de Guariba, Gleba Taquaruçu.
O Cristo continua sendo crucificado no meio de nos!
Homens trabalhando, pais de família em busca do pão nosso de cada dia. Era quarta feira 19 de abril, por volta das 16 horas.
Lamento esta atrocidade. Nossa região bela da Amazônia foi novamente manchada com derramamento de sangue.
A região está em processo de emancipação. Por ora ocupada em regime de “terra sem lei”. Contudo, é a lei do mais forte que prevalece em estado de barbárie. Os pequenos são dizimados, sem proteção, e os fatos quase sempre sem resposta.
Não sabemos quem são os autores destas mortes. Mas Deus o sabe. Também o sabem as instituições mediante perícia cuidadosa que foi feita pela equipe especial que acompanhou a tragédia. Esperamos e acreditamos que haverá justiça. Rezemos pela emancipação de forma pacífica e democrática da nossa querida região. Solicitamos a presença efetiva do Estado para evitar que outros fatos desta magnitude se repitam. Queridos amigos e amigas, rezemos pela paz na região.
Conclamamos também que a região seja olhada com mais atenção e responsabilidade por parte do Estado. Com mais carinho. Com mais afeto. Com mais respeito. Nossa região grita aos céus por melhor cuidado.
Apelamos às autoridades para que protejam o povo da região que se sente abandonado e sozinho no meio de tantos conflitos. Assentados relataram “que sofrem o medo e sentem-se ameaçados e pressionados pelos venenos jogados em plena floresta amazônica atingindo a agricultura familiar e a saúde das pessoas. Sentem-se oprimidos pelos poderosos do agronegócio”.
Não podemos aceitar que o projeto da Região Noroeste seja um projeto de morte, mas espaço para se viver bem e com liberdade, harmonia e paz entre todos os povos.
Em meio a primeiro encontro diocesano das Comunidades Eclesiais de Base, (CEBs) realizado na Paróquia Sagrada Família, Município de Colniza, de 21 a 23 de abril, tendo com tema “os desafios dos tempos atuais”, temos a convicção de que o lugar da Igreja é junto aos pobres, oprimidos e injustiçados, conforme o Magistério do Papa Francisco.
“Deus abençoe com paz o seu povo”.
Colniza, 22 de abril de 2017.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Colniza. Assentados “sentem-se oprimidos pelos poderosos do agronegócio”, denuncia Bispo de Juína – MT - Instituto Humanitas Unisinos - IHU