13 Fevereiro 2017
Hoje 12/02/2016 celebramos 12 anos do martírio da Ir Doroty.
Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns versículos das bem aventuranças para aquele que logo em seguida lhe balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.
O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da matrona cristã.
O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de prisão.
IRMÃ DOROTHY MAE STANG
Mártir da Ecologia
ANAPU – PA * 12/02/2005
Irmã Dorothy Mae Stang, religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta congregação católica reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes.
Ingressou na vida religiosa 1948, emitiu seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência em 1956. De 1951 a 1966 foi professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City, Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity School (Phoenix, Arizona).
Em 1966 iniciou seu ministério pastoral e social aqui no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Irmã Dorothy estava presente na Amazônia de a década de 70 junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica.
Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade à vida e a luta dos trabalhadores do campo. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.
A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.
Em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (seção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos.
Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: "Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar".
Foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará.
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou: "eis a minha arma!", e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.
O corpo da Missionária está enterrado em Anapu, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da fé cristã.
Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.
Irmã Dorothy
Dos longínquos campos do Senhor,
De lá ela chegou
Pra mãe terra fértil,
Que é das mulheres
Que é dos homens
Que é de todos.
Aqui ela aportou.
Pregou, falou, aconselhou.
Andou terra adentro.
Fez nascer a árvore,
Que cobrou a floresta,
Germinou os frutos
De uma Amazônia de Paz.
Falou de Paz antes de tombar.
Quem assistiu irmã Dorathy tombar?
As árvores tão caladas?
Os frutos tão assustados?
Os rios tão parados?
Os peixes encurralados?
As terras vermelhas?
Tão vermelhas...
Tão vermelhas!
Do teu sangue.
Mas, tua voz não se calará!
Jamais, Jamais, Jamais!
Tua voz se multiplicará
Nos que já se foram,
Que hoje estão contigo.
Nós que ficamos
Fortalecidos estamos,
A rimar amor com dor.
Amor pela terra, amor pelo direito a ter direito.
Na dor pela perda, na dor pela luta,
Que enluta tão bruta!
Dorothy vive, viverá em cada uma/um de nós!
Em cada um que gritar:
Terra é de quem precisa!
Vida é a terra!
Terra é a vida!
Salve irmã Dorothy!
Poema escrito por Fátima Matos - Fórum de Mulheres - 16/02/2005
—sentindo-se pensativo em Seminário São José do Crato.
Veja, 10-02-2017.
"Talvez pela proximidade do Carnaval, a piada recorrente em Brasília é que o governo de Michel Temer rasgou a fantasia. O chiste decorre da leitura mais óbvia dos últimos acontecimentos: tudo conspira, dentro e fora do governo, para sabotar ou pelo menos restringir o alcance da Lava Jato. Com o aval do Planalto, acusados de corrupção ocuparam postos-chave no Congresso – como Edison Lobão, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado -, assumindo o controle sobre a tramitação de qualquer projeto. Também uniram forças com o governo para dar apoio à indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal, vaga na qual terá papel de protagonista no julgamento da Lava Jato. Os sinais da cruzada pela impunidade estão no governo, no Congresso e no Supremo e até na Polícia Federal. A explicação é uma só: o silêncio das ruas, que faz com que movimentos de cerco à operação sintam-se mais à vontade. Tanto que o novo capítulo do abafa reúne próceres dos três poderes. O vale-tudo contra a operação, agora à luz do dia, conta ainda com ações sem estardalhaço, como o desmonte da força-tarefa da PF, com a remoção de personagens centrais, como o delegado Márcio Anselmo, que desvendou a relação do doleiro Alberto Youssef com a Petrobras, marco zero da Lava Jato, e irá para a corregedoria da PF no Espírito Santo."
A NORMALIDADE DA MARCHA FÚNEBRE
No Espírito Santo, o domingo é de trégua nas regiões centrais metropolitanas, que passaram a ser cercadas por homens e mulheres (e tanques) da Força Nacional, Exército e Guarda Civil. Isso tem permitido o capital circular: lojas, farmácias, botecos, mercados, fábricas, shopping, quiosque de praia. Funcionam até o cair da tarde, por volta das 19 horas, quando os trabalhadores e patrões decidem parar as atividades, tornando-se assim o período do "toque de recolher branco".
Políticos, imprensa e empresários apostam nessa trégua, "a volta da normalidade", uma narrativa muito mais prazerosa do que a "prendo e arrebento PM", mas há riscos: os PMs estão aquartelados, e os poucos que traem o movimento militar patrulham as ruas (mais ricas) à pé (nem 5% da tropa), permitindo o governo vencer a queda de braço, com risco de desqualificação do trabalho da PM.
Capixaba, em sua mineirice, confia desconfiando. Mas, sem dúvida, a tal narrativa da normalidade é mais aderente ao espírito de serenidade que todos desejamos. Tem dado certo até aqui, entre as classes médias e altas (onde estamos muitos de nós, os "críticos"). Aqueles que possuem automóvel e motocicleta circulam, os que dependem do transporte público, um deus nos acuda.
Baumman, o teórico nostálgico e geralmente usado para elocubrações psicologizantes (amor líquido etc), em sua melhor obra, "Globalização: as consequências humanas", gostava de dizer que o fosso segregatório é melhor definido hoje no modo da circulação das populações nas cidades, que abrigam uma guerra espacial.
Não é difícil de demonstrar essa guerra, pegando o caso capixaba de exemplo. Agora, por exemplo, a praia está cheia. Apenas das classes que circulam. Aqueles que estão condenados à prisão da imobilidade contam os mortos nas periferias, onde a marcha que mais se repete é a fúnebre, enquanto os políticos, comissionados e gente rica fingem pedir paz (leia-se: circular em paz) numa marcha na orla de Camburi.
Uma vasta área exibindo temperaturas mais de 20°C acima do normal; toda a área do paralelo 80N ao pólo em mais um episódio de aquecimento; gelo marinho ocupando a menor extensão já registrada para esta época do ano (1,3 milhões de km2 a menos que o normal). Condições como estas de agora têm se apresentado de forma recorrente no Ártico. A batalha por ele, já perdemos. Meu temor é que os grandes recifes de corais e a vida marinha que eles sustentam sejam os próximos na fila de condenação.
Como a memória acadêmica é curta! Me deparei agora há pouco com uma referência ao Christopher Lasch num livro e percebi que esse gigante da história cultural americana é um ilustre desconhecido para as novas gerações. Alguém ainda lê o E.P. Thompson, como líamos nos anos 1990, o então autor vivo mais citado em todas as ciências humanas? E o que teria acontecido com o próprio Foucault se a publicação póstuma das suas aulas no Collège de France não tivesse mantido vivo o interesse editorial na sua obra? Quem sabe ele ocuparia hoje o mesmo lugar de um Habermas ou de um Chomsky, caminhando para o esquecimento?
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