O cardeal Ouellet suaviza sua oposição à comunhão para os divorciados recasados

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

10 Agosto 2016

O cardeal Marc Ouellet – atual prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina – deu um forte apoio à Exortação Apostólica sobre o amor na família Amoris Laetitia, defendendo que “o essencial é que procuremos entender o desejo do Santo Padre”, expressado neste documento, “de proporcionar a reconciliação verdadeira e substancial de tantas famílias em situações confusas e difíceis”.

A reportagem é de Cameron Doody e publicada por Religión Digital, 09-08-2016. A tradução é de André Langer.

Falando, na semana passada, em uma convenção do grupo católico conservador dos Cavaleiros de Colombo em Toronto (Canadá), o cardeal Ouellet – que reeditou, às vésperas do Sínodo sobre a Família em 2015, um livro seu crítico com a possibilidade de que os católicos divorciados e recasados no civil pudessem receber a eucaristia – disse que “as controvérsias sobre a Amoris Laetitia são compreensíveis, mas com toda confiança, e ao fim e ao cabo, creio que poderiam ser até frutíferas”.

Um mês antes do início do Sínodo sobre a Família de outubro de 2015, o cardeal Ouellet publicou uma nova versão, em inglês, do seu livro Mistero e sacramento dell’amore. Teologia del matrimonio e della famiglia per la nuova evangelizzazione, no qual defendia – sobre a questão de um possível relaxamento da disciplina sacramental – que “não se trata de ser mais ou menos “misericordiosos” com relação a pessoas em situações irregulares, mas levar a sério a verdade dos sacramentos”.

Já que, opinava o cardeal em seu livro, “aqueles que se divorciaram e recasaram estão em uma situação que contradiz de forma objetiva o enlace eclesial indissolúvel que expressaram solenemente perante a comunidade” e, portanto, devem buscar “outras maneiras de expressar sua fé e pertença à comunidade” que não passem pela comunhão.

Apesar das suas opiniões registradas no livro Mistério e sacramento do amor, o cardeal Ouellet manifestou, em seu discurso aos Cavaleiros de Colombo, seu agradecimento ao Papa Francisco pelo novo paradigma de “discernimento cuidadoso e aberto de miras” que a Amoris Laetitia propõe.

Embora o cardeal tenha afirmado que na exortação apostólica “não se propõe nenhuma mudança de doutrina”, ao mesmo tempo reconheceu que o que coloca de manifesto é “um novo enfoque pastoral: mais paciente e respeitoso, mais dialogante e misericordioso”. No documento papal, na opinião de Oullet, “é dito aos sacerdotes e bispos que devemos cuidar, acompanhar e ajudar as pessoas a crescerem espiritualmente, inclusive aquelas que se encontram em situações irregulares objetivas”.

Em seu discurso em Toronto, o cardeal Ouellet não se limitou, no entanto, a celebrar apenas a exortação apostólica do Papa Francisco, que é, para ele, “um documento que vale a pena ser lido e relido”. Também deu voz à profunda admiração que sente pela figura do atual pontífice, a quem qualificou como “imprevisível, como o Espírito Santo”.

“Quando vejo o Santo Padre rezando”, disse em Toronto o prefeito da Congregação dos Bispos, “entendo o impacto que ele tem nas pessoas, porque sua caridade concreta flui de uma profunda familiaridade com o Espírito”. E é essa caridade, segundo o cardeal Ouellet, que se erigiu como pedra de toque tanto na Amoris Laetitia como no resto do ministério de Francisco. “Nosso Santo Padre nos ensina que a caridade se situa além de estar a favor das pessoas. Também devemos estar com as pessoas, ali onde nós também somos transformados nesse encontro”, declarou o cardeal.