03 Agosto 2016
A rota mais mortífera no mundo encheu-se de cadáveres ao longo do último mês. Já morreram 4027 imigrantes desde o início do ano, a maioria no Mediterrâneo.
Nos últimos dez dias foram encontrados 120 cadáveres nas praias de Sabratha, na Líbia, presumivelmente de pessoas afogadas enquanto tentavam cruzar o Mediterrâneo para chegar à Itália, segundo revelou esta terça-feira a Organização Internacional para as Migrações (OIM), anunciando também que, com estes e outros corpos encontrados recentemente na costa líbia, aumentou para 3120 o número de imigrantes e requerentes de asilo afogados até ao final de Julho no Mediterrâneo: um aumento de 35% em relação ao último ano.
A reportagem é publicada por Público,02-08-2016.
Os corpos encontrados nas praias líbias não viajavam em embarcações que as guardas costeiras líbia e italiana conhecessem. Acontece o mesmo com os 87 corpos descobertos a meio do mês de Julho e a outros 33 cadáveres encontrados dias antes, num sinal de como a rota migratória entre a Líbia e a Itália é mais mortífera do que a que faz a ligação entre a Turquia e a Grécia. A grande maioria de pessoas afogadas no Mediterrâneo morre aqui: uma em cada 23, segundo números das Nações Unidas.
“Recebemos estas informações das autoridades líbias com quem colaboramos”, adiantou nesta terça-feira o porta-voz da OIM, Joel Millman. Segundo ele, três quartos das mortes de imigrantes e requerentes de asilo no mundo acontecem no Mediterrâneo.
Só este ano morreram 4027 possíveis refugiados globalmente, 2692 pessoas na rota Líbia e 383 que se afogaram entre a Turquia e a Grécia: esse fluxo caiu significativamente depois do polémico acordo assinado entre a União Europeia e a Turquia em Março deste ano.
“Encaminhamo-nos para superar já o número total de mortes conhecidas em 2015”, explica à Al-Jazira Niels Frenzen, director do órgão de monitorização de fluxos de refugiados da Universidade do Sul da Califórnia.
No último ano, segundo dados da OIM, morreram 3771 imigrantes e requerentes de asilo no Mediterrâneo, a maioria, uma vez mais, entre a Líbia e Itália – 2892 pessoas –, num universo recorde de mais de um milhão de passagens. A organização revelou esta terça-feira que 257 mil pessoas o fizeram este ano.
Mas nem só no Mediterrâneo morrem possíveis refugiados. A OIM explica que o segundo local mais mortífero para deslocados em trânsito é o Norte da África, onde muitas pessoas – 342 até ao final de Julho – morreram às mãos de traficantes e “autoridades nacionais”, o que a organização diz ser um aumento nas mortes violentas nesta região. As contas da OIM encerram-se com a morte de pelo menos 64 requerentes de asilo na fronteira da Síria com a Turquia, a maior parte abatidos por militares turcos.
Ancara já foi acusada no passado de abater famílias sírias que tentam cruzar a fronteira, como denunciaram repetidamente agências humanitárias como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, embora o Governo turco recuse as alegações e prometa que a sua fronteira está aberta a qualquer sírio que deseje fugir da guerra.
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Nos últimos dez dias foram encontradas 120 pessoas afogadas nas praias da Líbia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU