15 Julho 2016
“É difícil pensar que o futuro de Federico Lombardi seja um tranquilo tempo de aposentadoria. Também porque dentro de alguns meses se abrirá a congregação geral dos jesuítas e o atual prepósito geral, o padre Nicolás, se apresentará demissionário. Ou seja, um novo Superior Geral será eleito”, comenta o sempre bem informado Lorenzo Prezzi, em artigo publicado por Settimana News, 14-07-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis o artigo.
“Há mais ou menos dois meses, a Sala de imprensa do Vaticano declarou oficialmente ser o único porta-voz do Papa. É preciso repeti-lo? Então o repito: a Sala de imprensa do Vaticano é o único porta-voz do Papa”. O véu de irritação desta resposta do Papa Francisco a La Nación de Buenos Aires (28 de junho de 2016) confirma o papel importante do diretor da Sala de imprensa não só em negativo (nenhum outro tem o título), mas também em positivo (o intérprete mais confiável).
No momento da passagem de comando Federico Lombardi e o doutor Greg Burke (a quem se franqueia como vice-diretora a doutíssima Paloma Ovejero LINK), anunciado aos 11 de julho e executivo desde 1º de agosto, é bom dar-se conta. Burke nasce nos Estados Unidos em 1959, é laureado em 1983 na Columbia University de Nova York e trabalhou para a agência Reuters, para o semanário Metropolitan, para o National Catholic Register, para Time, correspondente em Roma para Fox News, colabora com a Secretaria de Estado desde 2012 e é vice-diretor da Sala de imprensa desde dezembro de 2015. É numerário do Opus Dei (solteiros consagrados).
Paloma Ovejero, nascida na Espanha em 1975, laureada em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid, master em Nova York, foi correspondente para a rádio dos bispos espanhóis (Cope). É considerada próxima aos neo-catecúmenos. O mundo anglófono e hispanófono são uma referência tanto para a pertença como para a comunicação eclesial, expressivos da internacionalização da Santa Sé e da progressiva abertura às mulheres de papéis relevantes (são atualmente 20% da Cúria vaticana).
A novidade das nomeações permite valorizar quanto precede, ou seja, a atividade do padre Lombardi. Nomeado diretor por Bento XVI há doze anos, acumulou por diverso tempo o cargo de diretor da Rádio vaticana, do Centro televisivo vaticano e da Sala de imprensa. Caráter esquivo e cordial, interpretou a sua função de maneira bastante diversa do seu predecessor, J. Navarro-Valls. Quanto o segundo participava da “cabine de regia”, da formulação dos endereços e de uma relação seletiva com a mídia, tanto o primeiro se colocou como elemento de transparência com referência aos Papas que serviu, um passo atrás nos lugares de decisão e com a complicada gestão dos vários instrumentos. Tão seguro um quanto intuitivo o outro em interpretar momentos e endereços dos quais talvez não conhecesse o inteiro processo.
Diversa foi também a delicada relação com os jornalistas. À relação “premiadora” de Navarro-Valls, Lombardi substitui uma abertura igual a todos. À exclusão do avião papal de Domenico Del Rio (Repubblica) não faz de contrapeso a retirada do crédito de Sandro Magister (Espresso), porque o segundo viola o embargo a dano dos colegas e, provavelmente, teria reentrado por ocasião do Sínodo de 2015 se a publicação de uma carta de alguns cardeais não tivesse sido proposta em condicionamento dos trabalhos de assembleia.
Na mesma ocasião alguns meios de comunicação americanos defendem uma farta representação como dizendo respeito às possíveis aberturas do sínodo e seja tratada como todas as outras.
Nem as críticas, nem os preconceitos interromperam as relações dos jornalistas, com frequência cordiais e imediatas, com o diretor da Sala de imprensa. Como diretor da Rádio vaticana sempre defendeu a originalidade do instrumento e o seu precioso serviço às comunidades cristãs mais dispersas.
Mas, ao mesmo tempo, antecipou conselhos e indicações para reduzir o impacto econômico e para harmonizar as várias fontes informativas vaticanas. Atravessou com sofrimento as acusações ao Centro de transmissão de que favorecia os tumores infantis da área contígua.
Mas, as maiores fadigas foram relativas à avalanche de críticas que se verteram sobre a Santa Sé e sobre o pontificado de Bento em ordem aos escândalos financeiros e, sobretudo, por ocasião da explosão dos casos de abuso do clero (dos USA à Irlanda, da Alemanha à Holanda). A remissão das excomunhões aos quatro bispos lefebvrianos e a onda de protestos internos e não menos do que o Vatileaks (fuga de reservadíssimos documentos), nas suas diversas estações.
A decisão de criar uma Secretaria para a mídia, com a chefia de Dario Viganò, da parte do Papa aviou um processo de unificação dos muitos ramos informativos do Vaticano, da rádio ao centro televisivo, do Osservatore Romano ao serviço da internet. O padre Lombardi constituiu uma garantia tanto para a qualidade do processo (ainda em curso), como para o profissionalismo dos dependentes. Mas aos 74 anos não podia ser ele um chefe para uma empresa que vai requerer tempo e energias.
Surpreso com o pedido de demissão de Bento, que imediatamente qualificou como ato de governo de absoluto relevo, não ficou menos impressionado com a eleição de Bergoglio e as formas imediatas e cativantes da sua comunicação pessoal. Interrogado sobre a diferença de sua função entre os dois pontífices, admitiu com sinceridade que tudo se jogava na relação entre 80 e 20%. Com Bento despendia 80% de suas forças a motivar escolhas e endereços hostis à maioria da mídia e 20% a encorajar os juízos positivos, enquanto com Francisco tem sido o exato oposto: para 80% a encorajar e 20% a defender. Idêntico, num e no outro caso, o esforço de melhorar a visão doo pensamento e da imagem do Papa.
É difícil pensar que o seu futuro seja um tranquilo tempo de aposentadoria. Também porque dentro de alguns meses se abrirá a congregação geral dos jesuítas e o atual prepósito geral, o padre Nicolas, se apresentará demissionário.
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Federico Lombardi, interprete discreto dos dois Papas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU