21 Junho 2016
Nos primeiros quatro meses de 2016, foram registrados 285 casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no Amazonas, um aumento de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas.
A reportagem é de Bianca Paiva, publicada por Agência Brasil, 17-06-2016.
No ano passado foram registrados 757 casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes no estado. A maioria, 511, foi vítima de estupro.
Nesta semana em Manaus, a agressão e a violência sexual contra um bebê de um ano e quatro meses gerou comoção na capital amazonense. O menino está com hematomas em todo o corpo provocados por mordidas, inclusive nos órgãos genitais. Um adolescente de 17 anos, namorado da mãe da criança, confessou o crime. Ele foi apreendido. A mulher, que tem 22 anos, foi presa por omissão.
Outro caso de violência e abuso sexual também ganhou repercussão em Manaus. Uma menina de 7 anos desapareceu na porta de casa. Três dias depois o corpo dela foi encontrado enterrado no quintal de uma residência vizinha. O acusado do assassinato morava no local e era conhecido da família. Ele também foi preso.
Familiares ou conhecidos
Segundo a delegada Juliana Tuma, crimes como esses são registrados todos os dias na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente. A maioria deles é cometido por familiares ou pessoas próximas às vítimas.
“Geralmente o agressor, independentemente do crime, no que pertine a crianças e adolescentes, é alguém de confiança e de relação de dependência emocional com a vítima. Às vezes, o agressor não tem só a confiança da vítima, mas a confiança dos pais para isso”, disse a delegada.
Para a psicóloga Dilza Santos, é importante que pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais que podem indicar a ocorrência desses crimes. Um deles é a mudança de comportamento.
“O primeiro traço forte que a criança dá é o isolamento. Aquela criança que brincava sempre, tava sempre sorrindo e agora está quietinha, não quer brincar com ninguém. Eu toco nela e ela fica assustada, não me olha mais nos olhos. Você percebe uma tristeza muito grande, ela quase não fala, tem problema de insônia. Observar também quando tiver fazendo a higiene dessa criança se tem dor, se tem marcas”, disse.
Apoio psicológico
De acordo com a psicóloga, as crianças vítimas desses crimes precisam receber atendimento psicológico, inclusive as que ainda são muito pequenas, como é o caso do bebê de um ano e quatro meses.
“Mesmo que essa criança se desenvolva, vá ter uma infância com uma família que vai dar carinho para ela, de alguma forma lá na frente esse trauma vai ser manifesto. Aí cabe a um profissional ficar acompanhando essa vítima, para que observe o comportamento dela. De repente, podem surgir fobias de algo que relembre esse fato, esse momento de dor que ela passou”, diz a psicóloga.
O conselheiro tutelar Marcos Lima, que acompanha o bebê citado na reportagem, reforça a importância das denúncias para o combate a esses crimes. “Existe, no nosso ponto de vista, muitas pessoas que ainda tem muito receio, um pouco de cuidado de denunciar. O que nós pedimos é que as pessoas tenham um pouco de confiança nas instituições, porque com uma simples denúncia a gente pode livrar, tirar uma criança de uma situação semelhante a que essa criança passou. Não precisa ter o fato, basta ter a suspeita. Comunica para a gente, que a gente vai tomar as providências”, disse o conselheiro.
Denúncias de crimes contra crianças e adolescentes e outros tipos de violação de direitos humanos podem sem feitas no Disque 100.
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Casos de abuso e exploração sexual de crianças aumentam 9% no AM, diz secretaria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU