Por: André | 14 Junho 2016
A Igreja se prepara para viver, no próximo fim de semana, um acontecimento histórico com a celebração do Congresso Eucarístico Nacional que se celebrará em Tucumán e reunirá milhares de fiéis, em cujo marco a Pastoral Social quer assinar, junto com os partidos políticos, um “acordo do bicentenário” que inclui compromissos na luta contra a pobreza e o combate ao narcotráfico.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 12-06-2016. A tradução é de André Langer.
A convocatória, a cargo da comissão nacional da Pastoral Social, liderada por dom Jorge Lozano, está agendada para a manhã do sábado, 18 de junho, em um lugar emblemático: a casa histórica de Tucumán onde foi declarada a Independência, que os bispos apontaram como “um lugar de encontro, de diálogo e de busca do bem comum” como símbolo da “casa comum que deve ser a pátria”.
Sob a premissa do “cuidado da casa comum”, o documento contemplará consensos básicos sobre temas, tais como: o combate ao narcotráfico e a prevenção da dependência das drogas, a luta contra a fome e a pobreza, o acesso universal à saúde, à educação e à água potável, a erradicação do tráfico de pessoas e o compromisso com a geração de emprego.
A Pastoral Social trabalha com vistas a que o documento seja assinado pelos presidentes de todos os partidos políticos com representação parlamentar em nível nacional, assim como autoridades nacionais e provinciais dos três Poderes do Estado, e para isso já foram enviados os convites correspondentes, segundo adiantaram os organizadores a Télam.
Convocado também pela Ação Católica e pela Comissão Nacional de Justiça e Paz, o acordo será subscrito no contexto do Congresso Eucarístico, que começará na próxima quinta-feira e vai até domingo em Tucumán, de cuja missa de encerramento participará o presidente Mauricio Macri e para a qual são esperadas 250 mil pessoas, vindas inclusive dos países vizinhos.
O Papa Francisco – que tinha sido convidado pela Igreja argentina, mas declinou do convite por questões de agenda – enviará para o encontro, como delegado especial, o cardeal Giovanni Re, presidente emérito da Pontifícia Comissão para a América Latina, que levará uma mensagem de Jorge Bergoglio para os argentinos e adiantou que o Papa se comunicará diretamente com os participantes do congresso.
No entanto, a iniciativa da Pastoral Social na casa histórica terá um forte valor simbólico e retomará a ideia expressada pelo Episcopado em seu último documento “Bicentenário da Independência: tempo de encontro fraterno entre os argentinos”, no qual se solicitou um clima de diálogo social e se mencionou o “desencontro”, junto com a “corrupção generalizada e a praga do narcotráfico”, como os principais males que afligem os argentinos.
Nesse documento, que foi elaborado durante vários meses, os bispos fizeram um apelo para “pensar o país que desejamos” e avançar em uma “cultura do encontro, que exige a criação de um clima de diálogo social” e utilizaram a metáfora da casa histórica de Tucumán como “a casa comum que construímos juntos por meio do diálogo ativo, que busque consensos e propicie a amizade social rumo a uma cultura do encontro”.
A necessidade do diálogo social também foi lançada pelo arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Mario Poli, no Tedeum de 25 de maio que celebrou com a presença de Macri na catedral metropolitana.
A uma semana do Congresso Eucarístico, Tucumán se prepara para receber milhares de fiéis de todo o país e de países vizinhos, já que, embora haja mais de 20 mil inscritos, os organizadores preveem a participação de 250 mil pessoas para as cerimônias massivas que se celebrarão no hipódromo da capital tucumana, onde está sendo erguido um palco de 43 metros de comprimento.
Em um fato inédito, as imagens religiosas mais veneradas do país chegarão em procissão a Tucumán para participar das celebrações; entre elas estarão o Señor del Mailín de Santiago del Estero, o Senhor e a Virgem do Milagre de Salta e Nossa Senhora do Valle de Catamarca.
Com o lema “Jesus Cristo, Senhor da história, necessitamos da sua ajuda”, os congressistas participarão durante quatro dias de múltiplas atividades religiosas e culturais, mostras temáticas em praças e museus e poderão fazer “gestos de misericórdia” com visitas a hospitais, presídios e comedores; e participar de uma Via-Sacra da “reconciliação argentina” com tochas na noite da sexta-feira.
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A Igreja argentina quer unir os partidos políticos e assinar um documento pelos 200 anos da independência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU