08 Abril 2016
A questão de Deus é revisitada diante dos avanços científicos e tecnológicos. Eis o problema que encontra todo(a) aquele(a) que crê: como “dizer” Deus Criador do céu e da terra frente a todos os avanços científicos e tecnológicos? Como (re)interpretá-lo desde essas mudanças significativas no modo de conhecer contemporâneo?
No itinerário humano, encontra-se uma busca de melhor “dizê-lo” Deus como significado e significante, deixando-se interrogar pelas questões de cada tempo, no exercício fecundo de compreender sem capturá-lo, nutrindo com permanente consciência a incapacidade de “dizê-lo” na sua plenitude.
“Eu quis te abandonar, mas algo não deixou.
Tentei te descobrir naquele céu azul,
Que eu via tão distante difícil de alcançar.
Tentei te encontrar nos tubos dos cientistas
Em todo o lugar, nas máquinas modernas,
Nas grandes construções, na ponta de uma antena,
Nas massas, multidões, numa busca eterna”.
Na relação entre teologia (fé) e ciências (razão), encontra-se uma história de muitos conflitos e muitas sobreposições: conflitos medievais, Galileu Galilei, Giordano Bruno, antimodernismo católico, entre outros. O descompasso, no Concílio Vaticano II (1963-1965), dá lugar a um processo inicial de reconhecimento mútuo na positividade que lhe compete.
Na tarefa de (re)pensar Deus, a teologia encontra nas ciências uma parceira para “dizê-lo” sem excessos e sem melindres. O saber científico auxilia na aventura de perceber que o Infinito encontra-se para além do que os telescópios mais sofisticados podem permitir enxergar, mas os mesmos possibilitam compreende-lo na compreensão do cosmos. Entretanto, precisa-se sempre com a devida atenção discernir e não incorrer no risco de conclusões apressadas e precipitadas em ambas as perspectivas.
Entretanto, é oportuno acentuar o esforço realizado pela teologia, no exercício de enriquecer seu labor específico, perguntando por Deus, com a contribuição das ciências contemporâneas e desde esses lugares desafiadores para a fé. Eles não são opositores, mas complementares. A positividade desse trabalho mútuo percebe-se na publicação da carta encíclica, escrita pelo papa Francisco, intitulada Laudato Si’ sobre o Cuidado da nossa Casa Comum.
O saber científico proporciona uma “nova consciência” da vida nas suas múltiplas relações. A integralidade de todos os seres evoca complexidade e diversidade. Não é um saber dissonante do saber bíblico-teológico. Embora, não faltarão vozes, e com razão, para acusar a teologia bíblica de legitimadora da dominação e da exploração desmedida da terra. Descobrir-se como cuidador(a), responsável por um Dom (a terra e todos os seres), remete ao modo de como Israel precisou elaborar sua tendência de “conquista”.
François Euvé, no Cadernos Teologia Pública, na edição 64, proporciona um itinerário para refletir desde os desafios do saber científico, mas sobretudo como “dizer” Deus na companhia do saber proporcionado pela cosmologia contemporânea. O texto está organizado em três partes: 1) o Senhor do tempo; 2) História do universo, história humana; 3) Uma teologia da história e da liberdade.
François Euvé, teólogo francês, professor no Centro de Sèvres – Faculdade Jesíta (Paris) e autor de diversos livros. Tem interesse por questões relacionadas com Teologia e Ciências naturais, especialmente a questão da evolução e o trabalho desenvolvido por Pierre Teilhard Chardin.
Eis alguns livros:
Para acessar o texto: clique aqui
Por Jéferson Ferreira Rodrigues
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“O Infinito não se enquadra nos telescópios mais sofisticados”. Uma narrativa de Deus a partir da cosmologia contemporânea. - Instituto Humanitas Unisinos - IHU