Por: Jonas | 30 Janeiro 2016
O Marrocos retirou a permissão de residência e impediu o jesuíta espanhol Esteban Velázquez (foto) de retornar ao seu trabalho em Nador, segundo confirmaram ao jornal ABC o próprio sacerdote e o arcebispo de Tânger. Velázquez é conhecido por atender comunidades de imigrantes subsaarianos que procuram cruzar o território europeu.
Fonte: http://goo.gl/jcHMU4 |
A reportagem é de Luis de Vega, publicada pelo jornal espanhol ABC, 28-01-2016. A tradução é do Cepat.
Rabat não informou os motivos desta medida. O Governo da Espanha também nada declarou. Tudo ocorreu no último dia 11 de janeiro. Após um “discreto silêncio”, à espera que a situação se resolvesse, o arcebispo, o também espanhol Santiago Agrelo, decidiu denunciar o ocorrido em um escrito datado em Tânger, ontem, quarta-feira. Este franciscano galego considera, dessa forma, que o retorno de Velázquez a Nador é quase impossível. “Tentaremos fazer com que não falte aos subsaarianos o que tinham com o padre Esteban. Nós tentaremos”, acrescenta Agrelo. O que ocorreu nos últimos dias se trata de “acontecimentos que estão afetando com notoriedade a vida desta Igreja”, diz o texto do arcebispo.
Agrelo defende o jesuíta e expressa seu “orgulho” pela “dedicação aos pobres, sobretudo aos imigrantes”, demonstrada por Velázquez, uma missão nem sempre bem vista por Rabat. “Aliviou muitas necessidades e embelezou a vida dessa comunidade eclesial”. O Marrocos, ainda que seja um país muçulmano, permite a presença da Igreja em seu território e seus cultos, embora seja ilegal evangelizar. O arcebispo disse que “vivemos serenamente nossa fé cristã no meio da comunidade muçulmana”, mas critica as leis dos estados que “contradizem o espírito e a letra da Declaração Universal dos Direitos Humanos”, já que demonstram “a hipocrisia” como esses estados atuam.
O Governo espanhol afirma que está atento ao caso por meio da Embaixada em Rabat e o consulado em Nador. As autoridades espanholas não informaram ao jornal ABC sobre as explicações que o Reino alauita ofereceu, mas entende que não é a sua nacionalidade, mas, sim, o seu trabalho que está por trás da ordem que lhe impede retornar, informa L. Ayllón.
Desde 2013, Velázquez estava à frente da Delegação de Migrações de Nador. Ali, comprovou o jornal ABC, poucos meses após sua chegada, iniciou de forma especial um trabalho de atenção aos imigrantes subsaarianos. Usando o telefone, ia conseguindo fazer com que diferentes doadores contribuíssem com cobertores, alimentos e material de saúde, em seguida, distribuía com a ajuda de uma equipe de meia dúzia de pessoas.
A região de Nador, localizada entre a fronteira da Argélia e da Espanha, é uma das regiões do país magrebe com maior movimento de fluxos migratórios. Em 2013, a Igreja católica ocupou, com o financiamento suíço, o espaço deixado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) que, após uma década no local, foi embora com críticas das autoridades de Marrocos.
O padre Velázquez se desloca com frequência aos acampamentos do monte Gurugú, a poucos quilômetros da fronteira da cidade espanhola, e aos arredores do hospital de Nador para atender os subsaarianos feridos em ataques dos agentes marroquinos ou nas tentativas de passagem para o território espanhol. Frequentemente, este jesuíta também se mostrou crítico à gestão do problema migratório por parte das autoridades dos dois lados da fronteira.
Em seu escrito, o arcebispo deixa entender que as autoridades de Rabat não vão ceder na decisão. “Peço-lhes que acompanhem o padre Esteban nesta etapa de sua vida que se abre para novos horizontes e novos desafios”.
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Marrocos expulsa jesuíta espanhol que atende imigrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU