18 Janeiro 2016
“Não há água, não há peixes”, disse Norma Mollo, do Centro de Ecologia da População Andina. “Isto está a afectar definitivamente as comunidades locais, que não têm agora meios de sobrevivência”.
A reportagem foi publicada por Público, 15-01-2016.
O lago Poopó, em Oruro, o segundo maior da Bolívia, secou e foi declarado como uma “zona de desastre”. Contudo, os esforços para recuperar a área não têm sido suficientes. Membros das comunidades locais, que viviam da pesca ou outras actividades ligadas à água do lago, foram forçados a migrar. “Há 40 dias havia água e os flamingos estavam lá”, conta Valerio Calle Rojas, um dos 150 pescadores da Comunidade Untavi. “Nos anos 90, havia pelo menos 2 mil quilómetros quadrados de água”, conta. “Em 1995, 1996, houve uma seca mas a água reapareceu rapidamente. Devia chover agora, mas não está a acontecer”. Milton Perez, professor da Universidade Técnica de Oruro, evidenciou alguns aspectos das alterações climáticas. “O fenómeno El Niño costumava aparecer de dez em dez anos”, diz. “Mas agora, devido ao aquecimento global e às correntes do Oceano Pacífico, o fenómeno ocorre de três em três anos. Não há tempo suficiente para o lago recuperar e cada vez é pior”. A crise apareceu no final de 2014, com grandes perdas de vida animal. As organizações não governamentais locais já tentaram ajudar a população com a construção de poços e a venda de argila, proveniente da sedimentação da terra. O pescador Calle Rojas, com cinco filhos, diz que vai seguir os passos de dois terços da sua comunidade. Fazer as malas e mudar-se para outra cidade na Bolívia, Argentina ou Chile.
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O segundo maior lago da Bolívia vai mesmo desaparecer? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU