13 Janeiro 2016
“Amar o inimigo é a frase mais importante da Humanidade”. O diretor italiano Roberto Benigni resumiu, em uma intervenção vibrante, o pontificado de Francisco, durante a apresentação, no Agustinianum, do novo livro-entrevista do Papa Francisco com Andrea Tornielli, “El nombre de Dios es misericórdia” (O nome de Deus é misericórdia) (Planeta). A apresentação contou com a presença do Secretário de Estado, Pietro Parolin, com a coordenação de Federico Lombardi e o testemunho de um detento de Pádua, o chinês Zang Agostino Jianqing.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 12-01-2016. A tradução é de Evlyn Louise Zilch.
Uma apresentação-diálogo, na qual o protagonismo girou em torno da figura do grande “presente-ausente”, o Papa Francisco. O secretário de Estado do Vaticano sublinhou como neste livro "o Papa entra plenamente no mistério da misericórdia de Deus neste tempo de desafios" e repetiu uma das expressões mais utilizadas neste Ano Jubilar: "A misericórdia é a carteira de identidade do nosso Deus”.
Para Parolin, o livro “fala sobre as portas abertas, as possibilidades, o dom gratuito da infinita misericórdia de Deus, sem a qual o mundo não existiria”. Deixar a misericórdia de Deus entrar é uma das obsessões de Bergoglio neste livro-entrevista que “pode sensibilizar, porque o Papa apresenta-nos o retorno do Deus da misericórdia, um pai que perdoa com seu amor”.
“Deus sempre tem os braços abertos, apenas é suficiente dar um passo, como o filho pródigo. Mas mesmo se nós formos fracos, e não possamos dar este passo, basta o desejo de fazê-lo. Porque a Graça faz o resto”, disse Parolin, o qual destacou a “experiência de uma Igreja que concilia possíveis maneiras de perdoar”.
E é que “o abraço da misericórdia, o sentir-se amado por Jesus, muda a vida”, acrescentou o secretário de Estado do Vaticano. “Isto não é o resultado de nossos esforços, ou uma recompensa para as nossas condições. Este é um presente inesperado, um grande amor. Este abraço, o encontro com a superabundância da graça, é onde nos encontramos pecadores, pequenos e necessitados de ajuda. Reconhecer-se pecador é uma graça, diz o Papa no livro”.
Viver a fé e a misericórdia com alegria, insistiram repetidas vezes tanto Parolin como Benigni. “Jesus abraça e perdoa mesmo aqueles que o desprezaram. O Evangelho não fala apenas sobre perdão, mas sobre a celebração pelo filho que regressa”, disse o secretário de Estado, o qual sublinhou que “não há justiça sem perdão” e que “a misericórdia e o perdão permitem construir a verdadeira justiça” nos seres humanos e nas relações dos Estados.
Entre os testemunhos de vida, Lombardi apresentou o jovem Zang Agostino Jianqing, atualmente encarcerado na prisão de Pádua e que há anos atrás “Eu cometi um erro grave, com uma pena de 20 anos” e que conseguiu experimentar a misericórdia de Deus na cadeia, pedir desculpas e encontrar sua fé. “Este livro tem me ajudado a entender que Jesus veio para me encontrar”, disse Agostino, que agradeceu ao Papa por sua “abordagem com os prisioneiros, pela sua proximidade e testemunho”.
Por sua parte Roberto Benigni mostrou-se “emocionado”. “É a minha primeira vez oficialmente no Vaticano”, disse ele com uma risada, lembrando-se da coragem de ter reunido na mesma sala a “um cardeal italiano, um prisioneiro chinês e um cômico toscano”.
“Disseram-me: Sua Santidade deseja... e eu disse “sim”. Por este Papa qualquer coisa, motorista do papamóvel, guarda suíço...”. “É um papa maravilhoso, forte, doce, um revolucionário”, ressaltou o cineasta, que sublinhou que “estamos falando de um livro belíssimo, que te deixa abraçar”, porque “a misericórdia não é uma virtude que se senta em uma cadeira, mas que se move, que move o corpo e a alma, indo contra a miséria e a pobreza, não fica parada. É como o Papa, que não fica parado”.
“Onde foi o Papa em sua primeira viagem? A Lampedusa. Onde iniciou o Ano da Misericórdia? Em Bangui, onde estão os mais pobres dos pobres. Francisco é uma fonte de misericórdia, está cheio dela em um mundo que busca o ódio, a condenação... Francisco responde com a misericórdia que nasce da dor”, concluiu Benigni.
Finalmente, Andrea Tornielli encerrou o evento agradecendo a assistência maciça a “esta apresentação sem precedentes” e lembrou um episódio sobre a primeira visita de João XXIII a uma prisão, e seu abraço em um prisioneiro. “Neste abraço foram sintetizados dois mil anos de cristianismo”. No livro de Francisco encontram-se muitas chaves para perpetuar esses abraços de misericórdia para todo o mundo.
A misericórdia é a palavra que mais se repete na conversa e em seus discursos. E é a pedra angular do pensamento e da obra apostólica do Papa Francisco.
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Roberto Benigni: “Amar o inimigo é a frase mais importante da Humanidade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU