Por: André | 09 Dezembro 2015
“Devemos antepor a misericórdia ao julgamento”. Faz frio na Praça São Pedro e uma fina garoa se somou ao ar gelado. Desde as primeiras horas do dia, filas de fiéis se formaram para passar pelos detectores de metal. Mas hoje o centro das atenções não é a praça blindada, nem o medo de atentados, nem as controvérsias sobre os atrasos na cidade de Roma. E nem mesmo as estatísticas sobre os presentes. Francisco quis que este Jubileu extraordinário fosse vivido em todo o mundo em nível local. Então, a Cidade Eterna não é o centro dele, mas a mensagem da misericórdia.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada por Vatican Insider, 08-12-2015. A tradução é de André Langer.
“Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia”, disse na breve homilia da missa da Imaculada Conceição o Papa Francisco, recordando que o gesto de abrir a Porta Santa da Misericórdia “põe em evidência a primazia da graça”. Esse primado que ecoa várias vezes nas leituras do dia, na alegria de Maria: “A graça de Deus envolveu-a, tornando-a digna de ser mãe de Cristo. A plenitude da graça é capaz de transformar o coração, permitindo-lhe realizar um ato tão grande que muda a história da humanidade”.
A festa da Imaculada Conceição, explicou o Papa Bergoglio, “expressa a grandeza do amor divino. Deus não é apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria, chega até a evitar a culpa original, que todo o homem traz consigo ao entrar neste mundo. É o amor de Deus que evita, antecipa e salva. O início da história do pecado no Jardim do Éden encontra sua solução no projeto de um amor que salva”.
No entanto, explica Francisco, “a própria história do pecado só é compreensível à luz do amor que perdoa. Se tudo permanecesse ligado ao pecado, seríamos os mais desesperados dentre as criaturas. Mas não! A promessa da vitória do amor de Cristo encerra tudo na misericórdia do Pai”.
Este Ano Santo extraordinário é definido pelo Papa como um “dom de graça”. “Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia”.
“Deixemos de lado qualquer forma de medo e temor – foi o apelo do Papa –, porque não se coaduna em quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma.”
O Papa recordou o aniversário do encerramento do Concílio: “Hoje, e em todas as dioceses do mundo, ao cruzar a Porta Santa, queremos também recordar outra porta que, há 50 anos, os Padres do Concílio Vaticano II escancararam ao mundo”. Este aniversário “não pode lembrar apenas a riqueza dos documentos produzidos, que permitem verificar até os nossos dias o grande progresso que se realizou na fé. Mas o Concílio foi também, em primeiro lugar, um encontro. Um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo. Um encontro marcado pela força do Espírito que impelia a sua Igreja a sair dos baixios que por muitos anos a mantiveram fechada em si mesma, para retomar com entusiasmo o caminho missionário.”
O Papa abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro. Começa o Jubileu extraordinário da misericórdia, que ele começou antecipadamente no domingo passado em Bangui, na República Centro-Africana. Francisco aproximou-se da Porta e disse: “Esta é a Porta do Senhor... abram-me as portas da justiça... por tua grande misericórdia entrarei na tua casa, Senhor”.
Francisco subiu em silêncio as escadas, abriu as portas e deteve-se para rezar silenciosamente no umbral. Depois que o Pontífice argentino entrou, seguiu-o também pela Porta Santa o Papa emérito Bento XVI, seguido pelos concelebrantes e um grupo de religiosos e fiéis leigos.
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Francisco abre a Porta Santa: “Devemos antepor a misericórdia ao julgamento” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU