16 Outubro 2015
Com o passar das horas no fim do segundo dia (a carta foi divulgada no dia 12 de outubro), pouco a pouco, as coisas foram se esclarecendo sobre a carta ao papa por parte de 13 cardeais.
A reportagem é de Franco Ferrari, publicada no sítio Missione Oggi, 13-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A carta existe e foi entregue. Nem todos os signatários, de fato, confirmaram que a assinaram. Os seguintes cardeais desmentiram de várias formas: Scola, Erdö, Vingt-Trois, Piacenza; além disso, o cardeal Jorge Urosa (Venezuela) reconheceu ter assinado ,enquanto o cardeal Napier (África do Sul) reconhece ter assinado uma carta, mas não a que foi divulgada com outro conteúdo.
Os conteúdos não foram expressados como no texto que circulou (não só por Sandro Magister, mas também pelo site da revista America e The National Catholic Review), mas, em essência, correspondem ao texto autêntico. Prova disso é o fato de que o papa, no seu discurso à Aula sinodal no dia 6 de manhã, respondeu a essas mesmas objeções.
Depois de várias desmentidas, o site da revista America revela que os signatários que desmentiram devem ser substituídos pelos nomes de outros quatro cardeais: Daniel N. DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston; Norberto Rivera Carrera, arcebispo da Cidade do México; Elio Sgreccia, presidente emérito da Pontifícia Academia para a Vida; e John Njue, arcebispo de Nairóbi. Mas Sgreccia e Norberto Rivera Carrera desmentiram poucas horas depois.
O portador e o inspirador? Várias indicações levam ao cardeal George Pell, australiano e prefeito da Secretaria para a Economia.
É uma história feia. Não porque os Padres sinodais não possam escrever ao papa, nem porque ela traz à tona posições diferentes (uma discordância) que sabemos que existe, apesar das constantes desmentidas, mas pela forma como o caso foi conduzido. E por colaboradores próximos do papa como Müller e Pell.
O fato de ter publicado o texto depois de uma semana desde a entrega e a imediata resposta do papa tem todo o sabor de preocupações que superam os conteúdos e tentam pressionar o próprio papa.
E os principais signatários, por enquanto, tentam se distanciar. O cardeal Müller declarou na entrevista ao jornal Corriere della Sera dessa segunda-feira: "O escândalo é que se torne pública uma carta privada do pontífice. [...] não sei como isso pôde acontecer. Quem fez isso é que deve se justificar. [...] A intenção de quem quis essa publicação é semear discórdias, criar tensões. Isso me parece claro".
Enquanto o cardeal Pell, à pergunta do Vatican Insider ("O senhor está um pouco com raiva porque essa carta foi publicada? É o novo Vatileaks?"), responderia:" Eu diria que não... Estou acostumado aviver na Itália, a vida é cheia de surpresas!".
Talvez esteja um pouquinho, sim. Uma tentativa de fuga barata?
Certamente, a tão ventilada pressão midiática sobre o Sínodo tornou-se um pouco "purpurada".
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Pressão midiática ou "purpurada"? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU