22 Setembro 2015
Na véspera das eleições gregas, o ex-ministro das Finanças do Syriza, Yanis Varoufakis, declarou em entrevista publicada neste sábado (19/09) pela revista francesa Le Nouveau Observateur que a maioria do povo grego foi traída, mas que seu espírito “não se evaporou”. Segundo ele, a "Grécia foi vencida, mas não está submissa" à Europa.
A reportagem foi publicada por Opera Mundi, 19-09-2015.
Neste domingo, os cidadãos gregos irão às urnas para eleger os 300 membros do parlamento. As últimas pesquisas apontam ligeira vantagem para o Syriza, partido do atual governo, em relação ao opositor Nova Democracia, com margem de 0,5% a 3%. Varoufakis declarou seu voto na Unidade Popular, que é formada por dissidentes de esquerda do Syriza.
“Os milhões que votaram ‘não’ nos disseram: ‘Nós não queremos sair do euro, mas não toleramos que um pseudoacordo humilhante condene nossos filhos a uma depressão permanente e a um eterno status de terceira classe na Europa”, disse o ex-ministro, que renunciou ao cargo em julho.
Em julho deste ano, 61% dos gregos disseram “não” às políticas de austeridade da União Europeia por meio de um referendo popular. Uma semana após a consulta, o governo do premiê Alexis Tsipras fechou um acordo com os credores, contrariando o resultado da votação.
Em campo de refugiados na França, igrejas e mesquitas são construídas com galhos de madeira e fita crepe.
Crise na Europa
Na entrevista, Varoufakis afirmou que a crise econômica da Grécia e a crise humanitária que o continente europeu enfrenta atualmente possuem a mesma origem: a forma como União Europeia foi criada e gerida.
“A causa profunda desta crise dupla reside no próprio fundamento da União Europeia, que foi planejada como um cartel de indústria pesada antes de evoluir para um consórcio de bancos, gerido por uma tecnocracia incompetente que desrespeita os princípios fundamentais da democracia”, afirmou ele.
Segundo Varoufakis, tal arranjo “não poderia ser viável” e, a partir da crise de 2008, os países da União Europeia se fecharam e o bloco se fragmentou.
“Esta fragmentação centralizada é produto da terrível arquitetura da Europa, mas é também uma consequência da regressão nacionalista que busca ‘renacionalizar’ os sonhos, as aspirações, as políticas de imigração, a política fiscal”, argumentou.
O ex-ministro ainda comparou a Europa a um “barco de passeio” que entrou no mar aberto. “Nosso barco era esplêndido, mas não foi projetado para resistir a tempestades”, disse, em referência às turbulências econômicas e sociais recentes no continente.
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'Grécia foi vencida, mas não está submissa' à Europa, diz Varoufakis na véspera de eleições - Instituto Humanitas Unisinos - IHU