10 Junho 2015
Com a nomeação de Dom Heiner Koch para Berlim, a capital alemã tem novamente um arcebispo depois de uma vacância de onze meses. Ele deixa vacante a Diocese de Dresden-Meissen, sufragânea de Berlim, depois de menos de dois anos e meio, fazendo ser duas as sedes vacantes na Alemanha, a outra sendo a de Limburg.
O texto é de Mark de Vries, publicado em seu blog In Caelo et in Terra, 08-06-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Quem é o arcebispo eleito Heiner Koch? Como o seu predecessor em Berlim, o Cardeal Woelki, Koch nasceu na Arquidiocese de Colônia, em Düsseldorf. Em menos de uma semana para ele completa 61 anos; há 35 anos é sacerdote (foi ordenado com 26 aniversário em 1980) e bispo há nove anos. Koch é o terceiro arcebispo de Berlim, mas o décimo ordinário desde que Berlim se tornou diocese em 1930. Seis de seus predecessores foram feitos cardeais.
O novo arcebispo estudou teologia católica, filosofia e pedagogia na Universidade de Bonn e é doutor em Teologia. Após a ordenação, trabalhou em paróquias nas províncias de Kaarst e Colônia (onde vinha trabalhando na catedral desde 1993). Ele também atuou na Universidade Heinrich Heine, em Düsseldorf, sua terra natal, e em 1989 começou a trabalhar no vicariato geral da Arquidiocese de Colônia, o que provavelmente o colocou no caminho certo para se tornar bispo. Tornando-se capelão de Sua Santidade em 1993 e Prelado de Honra em 1996, o hoje Mons. Koch se tornou substituto do vigário-geral em 2002. No mesmo ano, ele liderou os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude de 2005, que aconteceu no mesmo ano.
No ano seguinte, foi nomeado bispo auxiliar de Colônia, com a sé titular sendo a de Ros Cré, na Irlanda. Dom Koch era o responsável pela área pastoral do Sul, bem como pelos fiéis não falantes de língua alemã da arquidiocese. Na Conferência dos Bispos da Alemanha, isto equivale ao acompanhamento pastoral aos alemães no exterior.
Em 2013, em um de seus últimos compromissos como tal, o Papa Bento XVI nomeou Dom Koch como bispo de Dresden-Meissen, no outro extremo do país. Um ano depois, os bispos alemães escolheram-no para chefiar a Comissão para o Matrimônio e a Família, que fez com que ele também fosse escolhido como um dos três delegados para a Assembleia Nacional do Sínodo dos Bispos alemães deste ano.
O Sínodo, então...
Dom Koch vem sendo um dos principais atores na saga dos bispos alemães e do Sínodo sobre a família. Ele participará do Sínodo dos Bispos ao lado de Dom Bode (da Diocese de Osnabrück) e do Cardeal Marx; ele também tomou parte no que alguns chamaram de “Sínodo das sombras” em Roma, com representantes dos episcopados franceses e suíços. Mas é injusto para chamar este arcebispo de liberal em matéria de casamento, família e sexualidade.
Em 2012, ele afirmou que debater alguns temas autoritariamente decididos pelo Magistério do papa e dos bispos é simplesmente “frustrante e ineficaz”. “Um diálogo produtivo e criativo”, disse ele, “só é possível com base em nossa fé mútua e em nossa compreensão mútua do que significa ser Igreja”. Mais recentemente, Dom Koch foi acusado de ser a favor de permitir que católicos divorciados novamente casados recebessem os sacramentos. Em uma entrevista em fevereiro, ele disse:
“A questão é se não podemos permitir fiéis que se divorciaram e casaram novamente, e que são profundamente piedosos, recebam a Eucaristia em certas condições. Isso poderia ocorrer, por exemplo, depois de uma longa conversa com um confessor. Deveríamos considerar essas questões”.
Seu foco, no entanto, está mais na questão de como a Igreja pode estar perto de pessoas nessa situação: não tanto a doutrina, mas o acompanhamento pastoral, como explicou mais tarde.
Em uma entrevista por ocasião da sua nomeação para Dresden-Meissen, Dom Koch explicou as suas prioridades no relacionamento com as pessoas, o que talvez também explique por que alguns podem pensar erroneamente que ele não está muito preocupado com a doutrina:
“Eu não quero começar mostrando às pessoas as consequências éticas sem elas primeiro saberem as razões por elas mesmas na fé. Quero falar com elas sobre Deus. Quero ouvi-las e ouvir o que podem me dizer sobre Deus em suas vidas”.
Esta atitude vem à tona com mais frequência quando Dom Koch diz que as perguntas difíceis não se resolvem através de manchetes nos jornais, mas por meio de conversas e encontros com as pessoas.
Na mesma entrevista, ele explicou a posição da Igreja sobre os casamentos homoafetivos:
“A Igreja está convencida de que uma criança precisa de um pai e de uma mãe. Sei também que existem casais que negligenciam as crianças, e parceiros homossexuais que as amam. Mas isso não muda o fato de que a família composta por pai, mãe e filhos é uma grande riqueza para todos. Deus criou as pessoas como homem e mulher. Juntos, estes refletem a plenitude da vida divina. Não há consenso na sociedade, mas isso não significa que devemos abandonar esta posição”.
O futuro em Berlim. Como arcebispo na capital alemã (com responsabilidade pastoral igual pelos estados de Berlim e Brandemburgo, bem pelo Mecklenburg-Vorpommern oriental), Dom Koch estará, cada vez mais, no centro da ação – tanto do Estado quanto da Igreja. Em um reflexo da recente história política após a reunificação, quando as instituições políticas da Alemanha mudaram-se de Bonn para Berlim, a Conferência dos Bispos da Alemanha vem pensando em mudar os seus escritórios para Berlim também.
O Núncio Apostólico, Dom Nikola Eterovic, igualmente reside nessa cidade. Como mencionado acima, seis dos seus antecessores (incluindo os cinco imediatos) foram feitos cardeais. Então poderemos ver um segundo Cardeal Koch (além de Kurt Koch, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos) em breve. Dom Koch é jovem o suficiente para usar o barrete vermelho com influência. Mas, mesmo vestindo violeta, ele terá um trabalho muito difícil a fazer.
Seu antecessor, o Cardeal Rainer Maria Woelki, rapidamente se estabeleceu como um bispo nos moldes do Papa Francisco: perto das margens dos imigrantes e trabalhadores. Dom Koch provavelmente enfrentará alguns probleminhas ao assumir esta atitude também. A Arquidiocese de Berlim é duas vezes o tamanho da Diocese de Dresden-Meissen, mas tem aproximadamente o mesmo número de fiéis católicos. Ela está em processo de juntar paróquias para melhor servir aos fiéis, o que é um processo sensível para qualquer bispo.
Mais está por vir.
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Para Berlim, um Padre Sinodal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU