“O povo os ama por sua pobreza”, diz o Papa aos frades menores, após os problemas financeiros

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Por: Jonas | 28 Mai 2015

“Vocês herdaram uma autoridade no povo de Deus com a menoridade, com a irmandade, com a mansidão, com a pobreza: por favor, conservai-a, não a percam, o povo gosta de vocês e os ama”. O Papa Francisco se dirigiu a 200 frades menores, reunidos nestes dias, em Assis, para o Capítulo Geral, após um escândalo financeiro no qual a ordem se viu envolvida, há pouco tempo.

 
Fonte: http://goo.gl/IyE66K  

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 26-05-2015. A tradução é do Cepat.

O ministro geral, o padre Michael Perry, que acaba de ser reeleito para um novo mandato de seis anos, referiu-se explicitamente ao fato de que, “às vezes, acontece que nosso testemunho de vida vacila e nos torna pouco credíveis” e que o compromisso “com a menoridade e a pobreza” fica ausente, como “infelizmente aconteceu com recentes decisões de gestão discutíveis”, sobre as quais o capítulo geral discutiu, e concluiu expressando o desejo de que estes fatos “problemáticos e provocadores” representem uma morte que será seguida por uma ressurreição.

“É importante – disse o Papa, que não se referiu explicitamente ao escândalo financeiro – que seja recuperada a consciência de serem porta-vozes da misericórdia, da reconciliação e da paz. Realizem frutuosamente esta vocação e missão e serão, cada dia mais, uma congregação ‘em saída’”. Em seguida, o Papa citou São Francisco: “‘Aconselho, admoesto e exorto meus irmãos no Senhor Jesus Cristo, que quando forem pelo mundo, não pelejem e evitem as disputas de palavras e que não julguem os demais; mas, sim, que sejam mansos, pacíficos e modestos, humildes, falando honestamente com todos... Em qualquer casa que entrarem, digam antes de qualquer coisa: “Paz a esta casa”, e que “seja lícito comer de todas as comidas que lhes oferecerem’. Esta última (recomendação) é boa, né?”, acrescentou o Papa entre as gargalhadas dos presentes.

“Estas exortações – prosseguiu Bergoglio – são de grande atualidade; são profecia de fraternidade e de menoridade, inclusive para o nosso mundo de hoje. Como é importante viver uma existência cristã e religiosa sem se perder em disputas e mexericos - prosseguiu -, cultivando um diálogo sereno com todos, com suavidade, mansidão e humildade, com meios pobres, anunciando a paz e vivendo sobriamente, contentes com o que nos é oferecido. Isto exige – enfatizou – também um compromisso decidido com a transparência, o uso ético e solidário dos bens, com um estilo de sobriedade e de despojamento. Se, ao contrário, estão apegados aos bens e as riquezas do mundo, e nelas colocam suas seguranças, será justamente o Senhor quem os despojará deste espírito de mundanidade para preservar o precioso patrimônio de minoridade e de pobreza para o qual os chamou por meio de São Francisco. Ou vocês são livremente pobres e menores ou acabarão despojados”.

“A luz e a força do Espírito”, disse o Papa, “os ajudarão enfrentar os desafios que estão diante de vocês, em particular a diminuição numérica, o envelhecimento e a diminuição das novas vocações”. E, em seguida, acrescentou: “O povo de Deus os ama. O cardeal Quarracino (Antonio Quarracino, arcebispo de Buenos Aires antes de Bergoglio) uma vez me disse mais ou menos estas palavras: em nossas cidades há grupos e pessoas um pouco anticlericais, e quando passa um sacerdote dizem ‘Corvo’, ou coisas desse tipo. Nunca, nunca, nunca, nunca, dizia-me Quarracino, dizem estas coisas para alguém com um hábito franciscano. Por quê? Vocês herdaram uma autoridade no povo de Deus, com a menoridade, com a irmandade, com a mansidão, com a humildade e a pobreza: por favor, conservai-a, não a percam, o povo gosta de vocês e os ama! Que o apreço de muita gente boa possa anima-los em seu caminho – prosseguiu –, assim como o afeto e o apreço dos pastores. Encomendo toda a ordem à materna proteção da Virgem Maria, por vocês venerada como especial padroeira com o título de Imaculada. Que os acompanhe também minha benção, que compartilho de coração, e, por favor, não se esqueçam de rezar por mim”.