Aquela veste desgastada do papa em visita a Ostia

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Eles se esqueceram de Jesus: o clericalismo como veneno moral

    LER MAIS
  • Estereótipos como conservador ou progressista “ocultam a heterogeneidade das trajetórias, marcadas por classe, raça, gênero, religião e território” das juventudes, afirma a psicóloga

    Jovens ativistas das direitas radicais apostam no antagonismo e se compreendem como contracultura. Entrevista especial com Beatriz Besen

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Mai 2015

O padre Tonino Bello dizia que o "poder dos sinais" é mais importante e decisivo para a Igreja do que os "sinais do poder". Há uma ponte ideal de conexão do papa que, diante dos poderosos que chegaram para a inauguração da Expo de Milão, proclama-se "voz dos pobres" e porta-voz dos famintos, convidando a redescobrir os seus rostos, e aquele que, dois dias depois, no domingo à tarde, com a veste desgastada, foi visitar a paróquia Regina Pacis de Ostia para se encontrar com jovens e doentes.

A reportagem é de Antonio SanFrancesco, publicada no sítio da revista italiana Famiglia Cristiana, 04-05-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os flashes dos fotógrafos capturaram o detalhe da manga da batina branca do pontífice um pouco desfiada, e a foto rapidamente girou a internet. Um detalhe, certamente. Mas significativo do estilo pastoral de Bergoglio.

Os sapatos pretos que ele veste desde que foi eleito, a cruz simples de metal, o anel do pescador de prata e um relógio de pulso muito simples: um Swatch, modelo básico, com data e sem qualquer função particular. O custo gira em torno dos 50 euros.

Conta-se que, quando o relógio quebrou, não foi fácil convencê-lo a comprar um novo. Ele preferia simplesmente mudar a pulseira e só "concordou" com a compra quando lhe asseguraram que um relógio novo, idêntico ao seu, não custaria mais do que a troca da pulseira.

Mas a veste lisa, que lembra a de um incansável apóstolo dos últimos, o padre Oreste Benzi, não é índice de um pauperismo a se exibir em favor das câmeras e que, no passado, foi bastante instrumentalizado, mas de um papa que gosta de estar no meio das pessoas, abraçar, estar presente pessoalmente, sem se poupar, intérprete extraordinário daquela "teologia do rosto", que significa encontro concreto com os rostos das pessoas.

Um papa que, seguindo um estilo totalmente seu, entre piadas e sorrisos, fugindo de citações altissonantes e com uma linguagem imediata, deu uma lição inconsciente sobre o Santo, o Pobrezinho de Assis, do qual tomou o nome. Que se despojou de tudo e assumiu as vestes de eremita para mais bem servir aos pobres e, assim, o Evangelho.