09 Março 2015
"Centrados em Cristo e no Evangelho, vocês podem ser braços, mãos, pés, mente e coração de uma Igreja 'em saída'". Com essas palavras, Francisco convidou os 80 mil integrantes do movimento de Comunhão e Libertação, que chegaram à Praça de São Pedro de 47 países do mundo, a irem buscar "os distantes" nas periferias.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 08-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O encontro aconteceu por ocasião do 10º aniversário da morte do padre Luigi Giussani (foto) e do 60º aniversário do início do movimento. Depois da saudação do presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, Pe. Julián Carrón, que recordou como o fundador "inoculou" no sangue dos ciellini [como são conhecidos os membros do Comunhão e Libertação] a unidade com o papa, Francisco tomou a palavra dizendo-se "reconhecido" ao padre Giussani pelo "bem que esse homem fez a mim e à minha vida sacerdotal, através da leitura dos seus livros".
Assim, lembrou como foi importante para ele "a experiência do encontro: não com uma ideia, mas com uma pessoa, com Jesus Cristo. Assim, ele educou para a liberdade, porque Cristo nos dá a verdadeira liberdade".
O Papa Bergoglio, depois, evocou a cena da "Vocação de Mateus", aquela pintura de Caravaggio "diante da qual eu me detinha longamente na igreja de San Luigi dei Francesi, todas as vezes em que eu vinha para Roma. Nenhum daqueles que estavam ali, incluindo Mateus, ávido de dinheiro, podia acreditar na mensagem daquele dedo que o apontava, na mensagem daqueles olhos que o olhavam com misericórdia e o escolhiam".
O papa acrescentou que "não se pode entender" essa dinâmica do encontro sem a misericórdia: "Só quem foi acariciado pela ternura da misericórdia conhece verdadeiramente o Senhor".
Francisco alertou contra duas tentações, já citadas por ocasião de outros discursos diante de movimentos e ordens religiosas: "Fidelidade ao carisma não significa 'petrificá-lo'", porque "a referência à herança que o padre Giussani deixou para vocês não pode se reduzir a um museu de recordações, de decisões tomadas, de normas de conduta". "Mantenham vivo – acrescentou – o fogo da memória daquele primeiro encontro e sejam livres".
"Assim, centrados em Cristo e no Evangelho, vocês podem ser braços, mãos, pés, mente e coração de uma Igreja 'em saída'. A estrada da Igreja é sair para ir a buscar os distantes nas periferias, para servir Jesus em cada pessoa marginalizada, abandonada, sem fé, desiludida com a Igreja, prisioneira do próprio egoísmo. 'Sair' significa também rejeitar a autorreferencialidade, em todas as suas formas, significa saber escutar quem não é como nós, aprendendo com todos, com humildade sincera", evitando uma "espiritualidade de rótulo".
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''Sejam livres. Não assumam rótulos'', diz Papa Francisco ao movimento Comunhão e Libertação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU