Por: Jonas | 02 Fevereiro 2015
O grupo armado Exército do Povo Paraguaio (EPP) assassinou, ontem, um casal de fazendeiros alemães enquanto fugiam da perseguição de soldados e policiais. As vítimas são os criadores de gado Robert Natto, de 60 anos, e sua esposa, Erika Reiser de Natto, de 53. Foram assassinados em Azotey, departamento de Concepción, a uns 400 quilômetros ao norte de Assunção, em cujas regiões de floresta operam os membros do EPP. O casal estava em um veículo, na quarta-feira, junto com outras quatro pessoas, quando foram interceptados por seis integrantes do EPP, que levaram os estrangeiros e deixaram os demais livres.
A reportagem é publicada por Página/12, 30-01-2015. A tradução é do Cepat.
Segundo o ministro do Interior, a formação da Força de Tarefas Conjunta (FTC), integrada por militares e policiais e desempenhada na região para lutar contra o EPP, realizou uma operação de busca e perto da meia-noite, da quarta-feira, descobriram os corpos dos alemães, que foram encontrados abraçados.
O ministro paraguaio explicou que a autópsia apresentou que as vítimas receberam vários disparos nas costas com uma arma calibre 9 mm, de uma distância menor do que cinco metros. “O ângulo dos disparos permite supor que literalmente se tratou de uma execução”, disse o ministro na coletiva de imprensa.
Os jornais locais destacaram que os guerrilheiros tentaram escapar junto com as vítimas e que ao verem que eram perseguidos pelo Exército decidiram abortar o sequestro e assassinar os reféns para não atrasar a fuga, dado que o casal estrangeiro se movimentava lentamente. Depois, constatou-se oficialmente que o homem tinha uma fratura em uma perna.
O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, condenou o atentado em um comunicado à imprensa: “Para estes covardes que usam o medo como escudo, que sequestram e atacam os mais frágeis sem misericórdia e os executam a sangue frio, digo que não vacilaremos. Já não se admite “zonas livres”; não permitiremos que os criminosos operem livremente”, destacou.
A falida operação militar para resgatar o casal de fazendeiros alemães recebeu críticas de todo o arco político paraguaio. Por um lado, o deputado da situação, Miguel Angel Del Puerto, pediu a cabeça do ministro do Interior, Francisco De Vargas. “Este último fato ocorrido não tem explicação. No Congresso adotamos todos os recursos solicitados pelo Ministério do Interior para a luta contra o EPP e, mesmo assim, não há respostas concretas”, expressou o parlamentar.
Por outro lado, a esquerdista Frente Guazú exigiu que o presidente se responsabilize pelo ocorrido e que, em consequência, atue. “Que Cartes explique à sociedade paraguaia quem e em que termos coordenou a operação militar de resgate que levou à perda de tais vidas humanas. O ocorrido mostra o total fracasso da estratégia de segurança implementada por este governo, que ao contrário de conseguir avanços significativos, somou fracassos e perdas de vidas humanas”, destacou em um comunicado.
Ao mesmo tempo, o advogado do casal, Fabio Cuevas Storm, explicou que seus clientes nunca haviam recebido uma ameaça concreta. “Eu, que estava em permanente contato com eles (os alemães), posso dizer que nunca tiveram nenhum tipo de inconveniente. Em todos estes anos, não tiveram nem ameaças, nem incômodos”, disse ao jornal paraguaio ABC, após a chegada dos restos mortais em Assunção. “Eu os conheço há mais de 15 anos, eram uma família normal, discreta, constantemente trabalhando. Inclusive, dentro da propriedade tinham uma escola, porque Robert era da ideia de que os filhos dos empregados deveriam estudar. Estou assombrado e sem palavras”, sentenciou Cuevas Storm.
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Casal de fazendeiros é executado no Paraguai pelo EPP - Instituto Humanitas Unisinos - IHU