18 Novembro 2014
Nhat Hanh, o monge budista vietnamita, autor, palestrante e defensor da paz que espalhou pelo mundo técnicas meditativas de consciência plena, teve uma grave hemorragia cerebral na terça-feira. O líder espiritual de 88 anos está sendo atendido por médicos, enfermeiras e seus discípulos monásticos num hospital em Bordeaux, na França, onde ele tem estado desde 1º de novembro, de acordo com o porta-voz de um mosteiro.
A reportagem é de Thomas C. Fox, publicada pelo National Catholic Reporter, 14-11-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
“Ele ainda está muito sensível e mostra todos os indícios de estar ciente da presença das demais pessoa ao seu lado”, lê-se em nota divulgada à imprensa. “Ele tem condições de mover seus pés, mãos e olhos. Há sinais de que uma recuperação plena seja possível”.
Segundo relatos, Nhat Hanh estava com a saúde frágil durante os últimos dois meses. Foi hospitalizado no dia 1º de novembro e vinha ganhando forças, até ocorrer o acidente vascular cerebral.
Hanh é um defensor da paz amplamente querido cujos trabalhos remontam a meados da década de 1960, quando se exilou do Vietnã durante a guerra e se estabeleceu na França, onde mora desde então. O seu empenho em busca da paz e reconciliação fez Martin Luther King, Jr. nomeá-lo para o Prêmio Nobel da Paz, em 1967, e chamá-lo de “o apóstolo da paz e não violência”.
O monge zen budista fez muito para popularizar o pensamento budista no ocidente, viajando regularmente pela América do Norte e Europa para palestrar e conduzir retiros sobre “a Arte de Viver Consciente”. Escreveu mais de 100 livros, incluindo títulos tais como:
“The Miracle of Mindfulness”, “Living Buddha”, “Living Christ”, “Being Peace” e “Peace Is Every Breath: Daily Practices for Our Busy Lives”.
O ensinamento-chave do Nhat Hanh é que, através da consciência plena, pode-se aprender a viver com felicidade no momento presente – a única forma de, verdadeiramente, se desenvolver a paz, tanto em si próprio quanto no mundo. No prefácio para o livro “Peace is Every Step”, o Dalai Lama escreveu que o monge vietnamita “mostra-nos como usar os benefícios da consciência plena e concentração para transformar e curar estados psicológicos difíceis. Ele nos mostra a relação entre a paz pessoal/interna e a paz sobre a Terra”.
Um porta-voz do Nhat Hanh disse que os dez monastérios fundados pelo monge ao redor do mundo organizaram sessões especiais de cânticos para gerar energia de consciência plena para enviar poderes de cura ao líder adoecido.
O monge construiu uma comunidade de centenas de monges e freiras ao redor do mundo, os quais, juntos com dezenas de milhares de estudantes leigos, aplicam os seus ensinamentos sobre a consciência plena, construção da paz e de comunidades em instituições de ensino, locais de trabalho, de negócios – e até mesmo em prisões – em todo o mundo.
Hanh fundou a linha que se chama “Budismo Engajado”; um budismo com um fronte social. Através da consciência plena, este ramo busca abordar os males sociais do mundo.
Ao refletir sobre a morte, Nhat Hanh escreveu: “O nosso maior medo é que, quando morrermos, vamos nos transformar em um nada. Muitos de nós acreditam que toda a nossa existência se resume apenas ao início de quando nascemos ou somos concebidos até o momento em que morremos. Acreditamos que nascemos do nada e que, quando morremos, nos transformamos em nada. E, assim, somos acometidos pelo medo da aniquilação. O Buda tem uma compreensão, um entendimento muito diferente sobre a nossa existência. É aquela de que o nascimento e morte são noções. Não são reais. O fato de que pensamos serem verdadeiras cria uma poderosa ilusão que nos causa sofrimento. O Buda ensinou que não há nascimento; não há morte; não há uma vinda; não há uma ida; não há o mesmo; não há diferente; não há um eu permanente; não há aniquilação. Apenas pensamos que há. Quando compreendemos que não podemos ser destruídos, nos libertamos do medo. É um grande alívio. Podemos desfrutar e apreciar a vida de uma forma nova”.
Nhat Hanh tem programado juntar-se ao Papa Francisco e outros líderes religiosos mundiais num encontro no Vaticano, dia 2 de dezembro, promovido pela Global Freedom Network [1], na busca da superação da escravidão moderna e do tráfico humano.
Nota:
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O líder religioso Thich Nhat Hanh sofre hemorragia cerebral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU