13 Novembro 2014
Grande parte das discussões privadas no encontro deste ano da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos focou-se na maneira como a hierarquia americana pode alterar as suas prioridades para melhor acompanhar aquelas do Papa Francisco, especialmente quanto a questões de justiça social tais como a pobreza e imigração.
A reportagem é de David Gibson, publicada por Religion News Service, 12-11-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Mas o que os seus membros realmente gostariam de fazer é canalizar o charme mágico do pontífice.
“Com o Papa Francisco, tendemos a ser identificados por aquilo que somos a favor, e não por aquilo que somos contra”, disse Dom Christopher Coyne, bispo auxiliar da Diocese de Indianápolis, quem foi eleito na terça-feira (dia 11 de novembro) para supervisionar o departamento de comunicação dos bispos.
Na verdade, desde o instante em que foi eleito papa no ano passado, Francisco mudou inteiramente a narrativa midiática sobre o Vaticano: de uma fonte de escândalos e problemas sob o Papa Bento XVI a uma plataforma de lançamento para reformas e renovação católicas com base numa mensagem de misericórdia.
Com o seu toque pastoral e estilo simples de vida, Francisco ganhou elogios ao longo do espectro, enfeitando as capas de revistas tão variadas quanto estas: Time, Vanity Fair e The Advocate, esta última uma publicação destinada a gays e lésbicas.
No entanto, Coyne – blogger de longa data que mantém contas no Twitter e no Facebook há anos – disse que, apesar da enorme popularidade do papa, os bispos americanos ainda têm muito trabalho a fazer por eles mesmos.
“Somos como o Congresso”, disse ele. “Muitas pessoas gostam de seu congressista, mas odeiam o Congresso. Muitas pessoas gostam do bispo delas, mas não gostam da nossa Conferência dos Bispos. Por que isso?”
Uma resposta séria veio a partir de uma pesquisa apresentada terça-feira aos mais de 200 bispos reunidos em Baltimore, no estado de Maryland, para o seu encontro anual de quatro dias: A Igreja Católica, um estudo de vários mostrou, é vista como “julgadora”, e esta atitude de apontar o dedo é o maior pecado na visão de muitos leigos, contou à assembleia Dom Thomas Wenski, arcebispo da Arquidiocese de Miami.
Aliás, o estudo descobriu que os católicos tendem a ouvir a mensagem da Igreja de “odeie o pecado, ame o pecador” como simplesmente: “odeie o pecador”.
“O que o Papa Francisco nos ensinou sobre como alcançar e ensinar aos católicos e ao mundo?”, perguntou Wenski.
Muitos bispos sugeriram que falar mais sobre os assuntos que Francisco enfatiza, tais como a desigualdade de renda e a pobreza, em vez de se focar principalmente na oposição ao casamento homoafetivo e ao aborto, é parte da resposta.
Porém Coyne disse que o primeiro passo era mais direto.
“A prioridade da nossa Conferência tem que ser proclamar a alegria, a misericórdia e o amor de Jesus Cristo sempre, em todos os lugares e a todas as pessoas”, disse. “Quando temos isso como nosso ponto de partida na comunicação, mudamos o tom daquilo que dizemos e como somos percebidos”.
“Não acho que o Papa Francisco tenha mudado o conteúdo tanto quanto mudou o diálogo”, acrescentou.
Nem todos se convenceram de que a solução era fácil assim, no entanto.
Dom Joseph Naumann, da Arquidiocese de Kansas – quem, no começo do dia, perdeu a eleição para Coyne por 102 a 114 votos –, perguntou a Wenski até que ponto os bispos deveriam ir na tentativa de responder à pesquisa que mostrou ser a Igreja vista, muitas vezes, como julgadora.
“Será que esta situação está pedindo por um evangelho ‘bonzinho’, um evangelho que não nos desafia?”, falou Naumann.
“A alternativa”, respondeu Wenski, “não é o Evangelho Camarada versus o Evangelho de Cristo”.
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Bispos americanos tentam capturar um pouco do charme do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU