20 Outubro 2014
“É um “work in progress”, a Igreja está aberta à discussão sobre temas centrais para a vida das pessoas e reconheceu o profundo valor das convivências e do matrimônio civil. Foram dados grandes passos em frente”, sustenta o diretor de “Civiltà Cattolica”, padre sinodal, Antonio Spadaro.
A entrevista é de Giacomo Galeazzi, publicada por Vatican Insider, 19-10-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis a entrevista.
Que Igreja emerge no final deste Sínodo?
O Sínodo tratou de temas compromissivos, precisamente como queria o Papa: com grande liberdade de expressão e com humilde escuta dos outros, sem nenhum temor de expressar-se. A Igreja não sai como um monólito, com um documento fruto de mediações. E não teme aparecer também nas suas contraposições. No Sínodo se respirou um clima quase conciliar, porque não se tratou somente deste ou daquele tema, mas do que seja a Igreja, qual seja sua missão hoje, e qual o valor dos sacramentos. Viu-se uma Igreja ora apaixonada pelos desafios, ora uma Igreja um pouco bloqueada e temerosa.
O texto tem sido um ringue?
Do Sínodo se sai com uma bateria de textos que merecem serem todos lidos, a começar pelo questionário dos fiéis. Foram publicadas também as discussões de grupo, com as diferenças e as tensões. Tudo foi transparente e o método, livre e aberto, novo. Em sua maioria absoluta o Sínodo expressou uma abertura ao debate sobre as grandes questões da vida de casal, embora sobre alguns temas não se tenha alcançado a maioria qualificada.
E a conta final?
A votação da mensagem demonstrou que há um percentual de pastores que não aprovaram o fato de certificar o diálogo sobre aqueles temas. Esta riqueza poliédrica de debate é agora remetida à discussão nas Igrejas locais. O Papa quis que o Relatório fosse publicado imediata e integralmente com o percentual dos votos, de modo que as pessoas se dêem conta de tudo.
O Papa tem sido claro...
É uma reflexão que pede aos bispos de entrarem no processo de discussão e de discernimento. O Papa fez a leitura espiritual de todo o processo sinodal com os seus impulsos e seus golpes de parada. Francisco ofereceu a imagem de Cristo que come com os ladrões e as prostitutas como modelo para o exame de consciência dos pastores. E sublinhou, sobretudo, que o Evangelho é pão fresco e bom que não pode ser transformado em pedras a serem jogadas contra os pecadores, os débeis e os enfermos.
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“As Escrituras ensinam o bom pastor sobre suas ovelhas”. Entrevista com Antonio Spadaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU