24 Julho 2014
A maioria das populações indígenas tem sido excluídas dos processos de tomada de decisões. Muitos tem sido marginalizados, explorados e submetidos à força, abandonando seus lugares de origem, sua identidade e seu idioma, convertendo-se em refugiados por medo da perseguição.
A reportagem é de João Baptista Pimentel Neto, publicada pelo jornal Brasil de Fato, 23-07-2014.
A bacia do Rio Amazonas é uma imensa selva tropical que se estende por nove países latino-americanos e é habitada por mais de 300 nações indígenas. Trata-se da região com mais povos indígenas não contatados do mundo, com no mínimo setenta e sete grupos de indígenas isolados, segundo dados da FUNAI (Fundação Nacional do Indío).
Estas grupos tem suas terras ameaçadas pelo estado e por forças transnacionais. Há muitos grupos interessados no Amazonas, como os governos de Equador, do Brasil e do Peru, que usam estas terras para aumentar a renda de seus países.
Como um sem número de companhias dedicadas à extração das matérias primas como o ouro, a prata ou o ferro, madeiras nobres e a extração de gás e petróleo.
Estes interesses econômicos incorporam o conflito com as terras naturais dos nativos, que as consideram como terras ancestrais e sagradas.
Indígenas do México
As comunidades indígenas do México enfrentam as piores condições educativas e socioeconômicas, além da discriminação. Quase 50% de sua população, o que equivale dizer cerca de 3,4 milhões de pessoas, não tem acesso aos bens e serviços públicos que o Estado deveria lhes garantir. Sendo que os mais pobres são aqueles que mais sofrem com a parte da pobreza, são aqueles que mais sofrem a ruptura de seus direitos sociais e com as limitações de suas capacidades e possibilidades de alcançarem melhores níveis de bem estar social.
Segundos dados da CONEVAL, pelo menos 48% daqueles que falam alguma língua indígena vivem em condições de exclusão educativa, graças a falta de atenção e as deficiências das políticas que deveriam garantir uma educação bilíngue de qualidade para estes povos e comunidades, visando cumprir, por um lado, o direito a preservação da língua materna, e simultaneamente, gerar maiores condições de bem estar social, de não discriminação e inclusão.
Como em outras regiões do mundo, seus territórios também estão ameaçados por megaprojetos de mineiração, implantação de hidrelétricas, parques eólicos e agora de Fracking (fractura hidráulica).
Os Kaiowás de Rio Pardo
A tribo dos Kaiowás em Rio Pardo, no estado do Mato Grosso (Brasil), são um exemplo de povo indígena que quer permanecer isolado por causa dos abusos que se tem cometido contra eles. A Funai estima que apenas 50 deles querem (podem) ser atualmente “incluídos”.
Este grupo nunca permanece durante muito tempo no mesmo lugar, sempre fugindo dos madeireiros e outros intrusos interessados em suas terras. Por isso, estão deixando de ter filhos e continuam vivendo apenas da caça e da pesca, já que não podem fixar um “endereço” e cultivar suas terras, segundo explica o Movimento ‘Survival International’.
Suas terras não tem sido protegidas e sua sobrevivência como povo esta seriamente ameaçada. Sua selva está sendo literalmente invadida, especialmente por madeireiros, muitos dos quais operam a partir de Colniza, uma das cidades mais violentas da fronteira do Brasil, localizada numa das regiões mais desmatadas da Amazônia.
Los Korubos do Vale do Javari
Já a fronteira entre o Brasil e o Perú, conhecida como Vale do Javarí, abriga sete povos indígenas já contatados e outros sete não contatados e é uma das regiões de maior concentração de povos indígenas isolados do Brasil.
Nesta região, as doenças mortais contraídas através do contato com “estrangeiros” estão dizimando os grupos indígenas já contatados e teme-se que estes possam transmitir aos grupos isolados o que trará trágicas consequências.
Reserva do Salitre
Já a Reserva de Salitre que esta situada no sul da Costa Rica é outro lugar de permanente conflito entre indígenas e terratenientes, como são conhecidos os ‘finqueros blancos’, que teimam em atacar os indígenas para “conquistar” suas terras.
Neste local, aconteceu na semana passada um novo enfrentamento quando um grupo de chegou a Buenos Aires de Puntarenas com armas para expulsar a força de suas casas, incendiando seus ranchos. O Governo da Costa Rica assegurou que “tentará” garantir a integridade física dos indígenas e proteger suas terras.
Finalizando um breve raio x da situação na região, atualmente, no Amazonas tanto os Kayapo e Waiapi do Brasil, os Yanomami do Brasil e da Venezuela, os Quichua e Shuar de Equador, os Ashaninka do Perú e os Aymara de Bolivia enfrentam lutas similares em defesa de suas terras.
Segundo a ONU, o crime de genocídio se define como “infligir deliberadamente um grupo a ameaças de morte com a intenção de destruí-lo, total o parcialmente”. Poucos sabem, mas muitos dos povos indígenas da América Latina se encontraram nesta situação. Ou seja, mais de 500 anos depois, o genocídio indígena continua na América Latina e no Caribe.
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Indígenas: Os povos mais esquecidos e desfavorecidos do mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU