28 Abril 2014
Será beatificado no próximo sábado, em Alba, na província de Cuneo, no Piemonte, o padre Giuseppe Girotti, sacerdote professo da Ordem dos Frades Pregadores. Quem representará o Santo Padre será o cardeal Giovanni Coppa, natural de Alba.
A reportagem é da Rádio Vaticano, 23-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre Girotti foi um dos 1.500 padres mortos no campo de concentração de Dachau. Nascido em Alba no dia 15 de julho de 1905, de família muito pobre, foi ordenado padre na ordem dos dominicanos em 1930.
Nos anos 1932 a 1934, aperfeiçoou os estudos bíblicos em Jerusalém na escola do padre Lagrange e obteve o título de "Prolita in Sacra Scrittura" em Roma, diante da Pontifícia Comissão Bíblica. Depois, professor de Sagrada Escritura no Studium Domenicano de Santa Maria delle Rose, em Turim, onde em 1938 publicou um comentário sobre os livros sapienciais.
Em 1937, ele tinha sido encarregado de continuar o comentário sobre a Sagrada Bíblia, iniciado pelo coirmão Marco Sales. Suspenso em 1939 do ensino e supervisionado pelo regime pela sua atitude antifascista, ele foi transferido para o convento de San Domenico.
Com a ocupação alemã da Itália depois de 8 de setembro de 1943, a situação dos judeus tornou-se dramática: a ordem de 30 de novembro da República Social estabeleceu a prisão e a internação de todos os judeus. A palavra de ordem no mundo católico, lançada pelo próprio Pio XII, era de ajudar e salvar os judeus.
O padre Girotti não se isentou do dever moral de prestar ajuda aos judeus perseguidos. Traído, caiu em uma armadilha armada pela polícia nazifascista, através de um telefonema, sob o pretexto de acompanhar – por estar ferido – um dos filhos do professor Diena, judeu, na casa de seu pai, na colina turinense. Ele saiu do convento no dia 29 de agosto de 1944 e não retornou mais.
Foi transferido para o campo de concentração de Dachau: era o dia 9 outubro de 1994. Lá, o padre Girotti ganhou força moral e espiritual mediante a leitura e a meditação da Bíblia, de um pastor luterano, porque tinha a intenção de publicar o comentário do profeta Jeremias.
Uma epidemia que cresceu a partir de dezembro dizimou os internos. O padre Girotti não aguentou: emagrecia visivelmente, dores reumáticas e inchaço nas pernas cada vez mais acentuados. Levado à enfermaria, foi-lhe diagnosticado um carcinoma.
Provavelmente, a sua morte repentina se deve a uma injeção. As suas últimas palavras ouvidas foram as do Apocalipse: "Maraná thá. Vem, Senhor Jesus". Era a Páscoa do dia 1º de abril de 1945. Uma mão desconhecida escreveu a lápis, junto ao seu leito: São Giuseppe Girotti.
No registro de Dachau, lê-se: "Razão da prisão: ajudou os judeus". Foi sepultado na vala comum de Leitenberg.
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Beatificação do padre Giuseppe Girotti: morto no campo de concentração de Dachau por ter ajudado os judeus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU