Mundo pode ter um 'Brasil' em terras degradadas

Mais Lidos

  • Eles se esqueceram de Jesus: o clericalismo como veneno moral

    LER MAIS
  • Estereótipos como conservador ou progressista “ocultam a heterogeneidade das trajetórias, marcadas por classe, raça, gênero, religião e território” das juventudes, afirma a psicóloga

    Jovens ativistas das direitas radicais apostam no antagonismo e se compreendem como contracultura. Entrevista especial com Beatriz Besen

    LER MAIS
  • Ecocídio no Congresso Nacional. Artigo de Carlos Bocuhy

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Janeiro 2014

Uma área quase do tamanho do Brasil pode estar degradada até 2050 se as terras no mundo continuarem sendo manejadas com práticas não sustentáveis, como acontece atualmente. Essa é a mensagem principal de um relatório divulgado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a agência ambiental da ONU.

A reportagem é de Daniela Chiaretti, publicada no jornal Valor, 24-01-2014.

O estudo "Assessing Global Land Use: Balancing Consumption with Sustainable Supply" diz, no título, qual será o desafio da agricultura nas próximas décadas - equilibrar a demanda de uma população em crescimento com fornecimento sustentável. O relatório foi produzido pelo Painel Internacional de Recursos, um grupo formado em 2007 e que reúne 27 pesquisadores internacionais, 33 governos e outras organizações.

Por trás da ameaça de degradação estão também níveis "insustentáveis e desproporcionais de consumo", diz o estudo, que analisa alimentos, biocombustíveis e fibras como o algodão.

A pressão sobre as áreas de cultivo globais também pode ocorrer de forma indireta, com a forte tendência de urbanização atual e a população migrando para as cidades. Mais de 5% da terra no mundo (algo perto de 15 bilhões de hectares) estará coberta por áreas construídas em 2050, informa o Pnuma.

Segundo material divulgado à imprensa, entre 1961 e 2007, as terras cultivadas globais cresceram 11%. O risco é de mais de 849 milhões de hectares estarem degradados até 2050.

"Reconhecendo que a terra é um recurso finito, precisamos nos tornar mais eficientes no modo que produzimos, distribuímos e consumimos produtos dela derivados", diz Achim Steiner, subsecretário da ONU e diretor-executivo do Pnuma.

O estudo faz uma distinção entre o que chama de expansão de área de cultivo bruta e líquida. A expansão líquida é resultado do aumento da demanda por alimentos e biomassa. A bruta engloba a mudança de uma área de cultivo para outra, em função da perda de solo fértil em terras degradadas.

A boa notícia é que é possível garantir mais de 319 milhões de hectares de terra, até 2050, se o mundo seguir um conjunto de ações que não causem grandes ameaças à biodiversidade, à qualidade dos recursos hídricos, que não elevem a emissão de gases-estufa ou o uso excessivo de nutrientes. As ações englobam investimento na restauração de áreas degradadas, melhorias no manejo e planejamento do uso da terra, melhores práticas de produção e o combate ao desperdício.

É preciso, ainda, equilibrar segurança alimentar com a demanda por energia e elaborar políticas de desenvolvimento rural. Abordagens criativas, como "subsídios para a sustentabilidade" também podem ajudar a manter a produtividade do solo.