Por: André | 13 Dezembro 2013
O tráfico de seres humanos é uma verdadeira forma de escravidão, que afeta todos os países, inclusive os mais desenvolvidos. Este foi o tema escolhido pelo Papa para o seu discurso aos 16 novos embaixadores e um representante diplomático não residente na Santa Sé.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 12-12-2013. A tradução é de André Langer.
Trata-se dos embaixadores da Argélia (Boudjemaa Delmi), Islândia (Martin Eyjolfsson), Dinamarca (Lars Vissing), Lesoto (Lineo Lydia Khechane Ntoane), Serra Leoa (Ibrahim Sorie), Cabo Verde (Emanuel Antero García da Veiga), Burundi (Edouard Bizimana), Malta (George Gregory Buttigieg), Suécia (Lars-Hjalmar Wide), Paquistão (Aman Rashid), Zâmbia (Paul William Lumbi), Noruega (Thomas Hauff), Kuwait (Bader Saleh Al -Tunaib), Burkina Faso (Yemdaogo Eric Tiare), Uganda (Marcel R. Tibaleka) e Jordânia (Makram Mustafa Al Queisi). Estava também presente o representante do Estado da Palestina (Isa Jamil Kassissieh).
O Santo Padre falou sobre as múltiplas iniciativas da comunidade internacional para promover a paz, o diálogo, as relações culturais, políticas e econômicas e o socorro às populações afetadas por dificuldades de diversos tipos e, na sequência, retomou a questão do tráfico de pessoas que “afeta os mais vulneráveis da sociedade: as mulheres, os meninos e meninas, portadores de deficiências, os mais pobres e os que provêm de situações de desintegração familiar e social”.
“Neles, de maneira especial – acentuou – nós, os cristãos, reconhecemos o rosto de Jesus Cristo, que se identificou com os mais pequenos e os mais necessitados. Outros, que não se referem a uma fé religiosa, em nome da humanidade comum compartilham a compaixão por seus sofrimentos, com o compromisso de libertá-los e curar suas feridas. Juntos podemos e devemos lutar para que sejam libertados e se acabe com este horrível comércio”.
Francisco recordou que se fala de milhões de vítimas de trabalho forçado, de tráfico de pessoas com vistas à exploração da mão de obra e sexual e exclamou: “Isto não pode continuar: é uma grave violação dos direitos humanos das vítimas e uma afronta à sua dignidade, além de uma derrota para a comunidade mundial. Todas as pessoas de boa vontade, independentemente de professarem uma religião ou não, não podem permitir que estas mulheres, estes homens, estas crianças sejam tratados como objetos, enganados, violados, muitas vezes vendidos e revendidos, com diferentes fins e, por fim, assassinados, ou de qualquer forma, prejudicados no corpo e na mente, e, por fim, descartados e abandonados. É uma vergonha”.
“O tráfico de pessoas é um crime contra a humanidade... Faz-se necessário uma tomada de responsabilidade comum e uma vontade política mais forte para vencer nesta frente. Responsabilidade para com os que caíram vítimas do tráfico de pessoas, para proteger seus direitos, e para garantir a incolumidade de seus familiares, para evitar que os corruptos e os criminosos se esquivem da justiça e digam a última palavra sobre as pessoas. Uma intervenção legislativa adequada nos países de origem, trânsito e chegada, também para facilitar a regularidade das migrações, pode reduzir o problema”.
Os governos e a comunidade internacional, a quem compete a responsabilidade de prevenir e evitar este fenômeno, “não deixaram de tomar medidas nos diferentes níveis para bloqueá-lo e para proteger e assistir as vítimas deste crime, muitas vezes vinculado ao comércio de drogas, de armas, do transporte de migrantes ilegais, com a máfia, que “infelizmente”, não podemos negar, às vezes também contagiou os agentes de serviço público e os membros dos contingentes que participam em missões de paz”.
Mas, para enfrentar com eficácia essa mácula, é necessário que a ação se estenda ao âmbito cultural e à comunicação, que necessitam de “um profundo exame de consciência”, porque muitas vezes neles tolera-se que um ser humano “seja considerado um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais”. Pelo contrário, “a pessoa humana nunca deve ser comprada e vendida como uma mercadoria; quem a utiliza e a explora, embora seja indiretamente, é cúmplice deste crime”.
“Quis compartilhar com vocês – disse o Pontífice – estas reflexões sobre uma praga social de nosso tempo, porque creio no valor e na força de um esforço concertado para combatê-la. Por conseguinte, insto a comunidade internacional a tornar ainda mais concorde e eficaz a estratégia contra o tráfico de pessoas para que, em todas as partes do mundo, os homens e a mulheres nunca sejam utilizados como um meio, mas sempre respeitados em sua dignidade inviolável”.
Veja também:
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“O tráfico de pessoas é uma derrota para o mundo”, diz Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU