10 Outubro 2013
Na sexta-feira, dia 04-10-2013, o papamóvel aberto parou em um bairro a noroeste da Catedral do vilarejo italiano. O Papa Francisco desceu e começou a andar ao longo de uma área vedada, onde as pessoas haviam se reunido. Ele passou os próximos 10 minutos apertando as mãos das pessoas e conversando brevemente com elas.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 07-10-2013. A tradução é de Ana Carolina Azevedo.
O Papa se deteve em conversa com um homem, ambos sorrindo amplamente. Então, sem rodeios, o homem levantou o braço sobre o muro e colocou um boné de baseball preto sobre o solidéu branco do Pontífice.
O boné, estampado com um logotipo laranja, ficou na cabeça do Papa por cerca de um minuto. O boné foi recolhido enquanto o Pontífice caminhava. (Foto: Marco Mariotti - NCR)
Foi um momento rápido, mas, como muitos momentos descritos pelos participantes na primeira visita do Papa a casa de seu homônimo do século XIII, São Francisco, foi um momento de conexão profunda.
O homem que deu seu boné ao Papa se chama Giulio Bocchini, nativo de Spello, uma cidade italiana há mais ou menos 15 minutos de carro a sudeste de Assis.
Bocchini organiza um festival anual que celebra a festa Católica do Corpus Domini, decorando as ruas de Spello com tapetes intrincados, feitos de caules e pétalas de flores. Ele disse que falou ao Papa que alguns dos organizadores do festival passaram vários dias preparando um tapete de flores especialmente para a sua visita.
O tapete, que mostrava imagens de Jesus e São Francisco em cores brilhantes, encontrava-se ao longo da rua em frente à Catedral de São Rufin, em Assis. Bocchini disse que pediu para que o Papa andasse sobre o tapete, como o Bispo de Spello faz normalmente durante o festival anual, chamado Le infiorate.
"Eu disse a ele que 'nós fazemos o tapete para o Corpus Domini [o Corpo de Cristo], e você representa Deus na terra, portanto, tem o direito de andar no tapete'", disse Bocchini.
Bocchini disse que o Papa respondeu: "Não, não, não, Deus e eu somos duas coisas diferentes. Estamos muito distantes um do outro."
Depois de ouvir isso, Bocchini disse que posicionou o seu próprio chapéu, adornado com o logotipo do festival e feito pelos organizadores de festival, na cabeça do Papa.
"Desde aquele momento, ele é um de nós", falou Bocchini.
O P. Gerardo Balbi também passou alguns minutos com o Papa.
Balbi, sacerdote da diocese de Gubbio, na Itália, há cerca de uma hora ao norte de Assis, esteve presente na sexta de manhã, quando o Papa visitou o Instituto Serafico de Assis, uma organização que ajuda na reabilitação de crianças com deficiências graves em toda a Itália.
Balbi é cego e frequentou o Instituto na década de 1960, onde disse que tocava piano enquanto o Papa falava com as crianças, algumas das quais queixavam-se de dor e choravam por conta de suas condições.
"Foi incrível ver o que o Papa ficou muito, mas muito comovido", disse Balbi, que agora serve como pastor em uma paróquia em Umbertide, Itália.
"Elas são muito barulhentas," disse sobre as crianças no Instituto. "E [o Papa] estava falando bem baixinho, então era difícil ouvi-lo. Mas ele ficou muito comovido, de verdade; estava quase sussurrando. "
Durante a despedida, o Papa apertou as mãos e abraçou várias das pessoas no Instituto, incluindo Balbi.
"Foram apenas algumas palavras", disse Balbi. "Eu disse [ao Papa] quem eu era e o que eu fazia. Então, ele disse que me admirava."
Para o P. franciscano Sergio Prena, o ponto de conexão com o Pontífice veio após a celebração da missa na sexta-feira, fora da Basílica de São Francisco, onde os restos mortais do santo são mantidos em uma cripta sem adornos.
Prena, que vive atualmente na cidade vizinha de Orvieto, disse que havia passado 10 anos morando em Assis servindo em uma equipe de frades que frequentam a capela da Porciúncula, uma igreja muito pequena, reparada por São Francisco para servir como sede de sua ordem.
Em parte devido essa conexão, segundo ele, Prena foi convidado para ser um dos muitos concelebrantes da missa com o Papa.
"E, no final da missa, ele cumprimentou quem tinha celebrado com ele, dentro da Basílica," disse Prena.
"Ao cumprimentá-lo muito normalmente, com um beijo e um abraço, brinquei ao dizer-lhe, 'Obrigado por este belo presente da visita a Assis,'" disse.
Prena disse que o Papa respondeu "apenas rezem por mim".
"O que foi ótimo," comentou Prena. "Talvez a emoção maior foi não ter visto o Papa, mas ter ouvido ele dizer 'Rezem por mim.'"
Duas famílias sentadas juntas fora da Basílica de São Francisco disseram que, assim como Prena, também tiveram um momento de conexão pessoal com o Papa.
Gloria, a mãe de uma das famílias, disse que ficou particularmente comovida com a maneira com que o Papa usou sua homilia naquela manhã para meditar sobre a vida de São Francisco, antes de entrar em uma oração contínua em homenagem ao seu homônimo.
Gloria, cuja família veio de uma cidade nos arredores de Gubbio, disse que prestou atenção especial ao pedido do Papa para que o santo "ensine a nos tornarmos instrumentos da paz, da paz que tem sua origem em Deus, a paz que Jesus nos trouxe".
"No momento, vejo tanta agressividade entre as pessoas," disse Gloria. "As pessoas simplesmente explodem. E eu gostaria que as pessoas fossem mais amorosas e se abrissem mais umas às outras."
"Talvez dentro da igreja não seja tão fácil de ver essas coisas," ela continuou. "Mas, também, a igreja poderia ser uma bom mediadora para ajudar as pessoas a encontrarem sua serenidade."
A filha de Glória, Giulia, disse que "sentiu tantas coisas diferentes hoje."
"Em toda a minha vida, eu nunca tinha visto o Papa," ela disse.
Enquanto o Papa deixava a piazza, seguindo a massa para almoçar com os pobres no Centro Caritas, em Assis, Giulia disse que assistiu, junto de seu irmão mais novo, o papamóvel passando pela multidão.
"Eu estava gritando, 'Viva il papa!'", disse ela. "E então ele se virou e disse 'Olá', acenando com a mão dele. Eu tremi de emoção."
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Papa Francisco cria momentos de profunda conexão na viagem à Assis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU