Por: André | 08 Outubro 2013
Bergoglio agiu com muita discrição para salvá-los, mas os militares do ditador argentino fizeram crer aos dois religiosos que fora justamente o atual Pontífice quem os havia denunciado e abandonado à sua própria sorte.
Fonte: http://bit.ly/1fdsLSZ |
A reportagem está publicada no sítio Religión Digital, 05-10-2013. A tradução é de André Langer.
Abraço e encontro entre o Papa Francisco e o padre Franz Jalics, o jesuíta húngaro, que hoje está com 87 anos e que em 1976 foi sequestrado pelo regime militar de Videla, junto com o também jesuíta Orlando Yorio. Os dois foram torturados e estiveram presos durante cinco meses.
Jorge Mario Bergoglio era o provincial dos jesuítas e agiu com muita discrição para salvá-los, mas os militares do ditador argentino fizeram crer aos dois religiosos que havia sido justamente o atual Pontífice quem os havia denunciado e abandonado à sua própria sorte. Teve que passar muito tempo para que Jalics reconhecesse em público toda a boa fé de seu então superior.
Jalics e Yorio deixaram inclusive a Companhia de Jesus. Jalics voltou a ela, mas Yorio, que já é falecido, negou-se a fazer isso. Foi, sobretudo, o jornalista Horacio Verbitsky que esgrimiu acusações contra Bergoglio, mas alguns indicam que ambientes próximos à presidência de Cristina Kirchner alimentaram-nas, como resposta às críticas do então cardeal de Buenos Aires.
Seja como for, o padre Jalics dissipou qualquer dúvida com respeito a Bergoglio: no sítio jesuiten.org o ex-religioso, que hoje mora na Alemanha, afirmou no dia 21 de março que acreditou durante muito tempo que havia sido vítima de um delator, mas que desde a década de 1990 convenceu-se de que não houve nenhuma denúncia, muito menos do atual Pontífice.
Jalics, um dos jesuítas sequestrados durante a ditadura militar do tenente general Jorge Rafael Videla, em 1976, precisou em março passado que o então padre Jorge Mario Bergoglio e provincial da Companhia de Jesus em Buenos Aires não foi o responsável pela acusação diante da Junta Militar que levou ao seu sequestro e o do padre Yorio, também jesuíta. De fato, considera que “da sua parte o assunto está encerrado”.
Em um segundo comunicado publicado no sítio da congregação na Alemanha, o padre Jalics escreveu que “se sente quase obrigado” a corrigir os comentários que circulam porque “o fato é que Yorio e eu não fomos acusados pelo padre Bergoglio”. Mesmo assim, admitiu que “durante alguns anos pensou que tinham sido vítimas de uma acusação”, embora indique que no final da década de 1990 tenha chegado à conclusão de que “a suspeita era infundada”. Além disso, assegurou que “já se reconciliou com Bergoglio celebrando uma missa juntos”.
Por outro lado, assinala nesse portal que nos círculos dos jesuítas “se difundiu a informação falsa de que haviam sido presos porque pertenciam à guerrilha”. Neste sentido, afirmou que estes rumores poderiam ter sido provocados pelo fato de que permaneceram presos durante vários meses, em vez de serem libertados de imediato.
A prisão dos dois jesuítas deveu-se à ligação que ambos tinham com uma catequista que trabalhou com eles nos bairros pobres de Buenos Aires e que mais tarde entrou na guerrilha. Acrescenta-se o fato de que quando os militares argentinos viram os documentos do padre Jalics que havia nascido em Budapeste, pensaram tratar-se de um espião russo, explicou o próprio jesuíta.
O padre Jalics e seu companheiro Yorio foram sequestrados em 1976 e submetidos a um interrogatório durante cinco dias, segundo explicou o primeiro em um comunicado de 15 de março passado. Ao terminar o processo, o oficial no comando da investigação lhes garantiu que “não tinham culpa” e que “se asseguraria de que pudessem retornar ao trabalho nos bairros pobres”. Apesar disto, “nos mantiveram algemados, com os olhos vendados e sob custódia durante mais cinco meses”, narrou.
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O Papa encontrou-se com um dos jesuítas torturados por Videla - Instituto Humanitas Unisinos - IHU