16 Setembro 2013
O que faz com que uma obra como O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, siga suscitando debates e sendo importante para compreendermos o fenômeno político cinco séculos após sua publicação? Para além do senso comum, que estabelece um nexo direto entre as ideias do pensador florentino e toda a sorte de vilanias que seriam aceitáveis na política, a IHU On-Line desta semana ouviu diversos especialistas para ponderar o impacto desse pensamento até nossos dias.
Para Helton Adverse, da Universidade Federal de Minas Gerais — UFMG, Maquiavel é autor de ideias que deixaram marcas indeléveis na reflexão política ocidental, sem o apelo à transcendência para explicar o fenômeno político.
António Bento, filósofo docente na Universidade de Beira Interior, em Portugal, assevera que Maquiavel pode ser considerado o pai da filosofia política moderna. A despeito do ódio e desprezo imensos que gerou, sua influência política jamais deixou de se sentir.
De acordo com José Antônio Martins, da Universidade Estadual de Maringá — UEM, a partir dos escritos do florentino, a corrupção deve ser compreendida como uma doença que inicia em determinada parte do corpo político e, se não for debelada, continua a se expandir.
Para José Luiz Ames, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná — Unioeste, uma das novidades dos escritos de Maquiavel foi a reflexão sobre a política e o Estado enquanto este ainda estava em formação.
Categorias médicas foram utilizadas por Maquiavel em seu pensamento político, mas de modo transformado, observa Marie Gaille, da Universidade Paris Diderot, na França.
Ricardo Fubini, da Università degli Studi di Firenze, na Itália, considera Maquiavel o precursor das revoluções modernas, e localiza a ruptura com a tradição e a violência que isso implica como basilares de seu pensamento.
Marco Vanzulli, professor na Universidade degli Studi di Milano-Bicocca, na Itália, aponta O Príncipe como uma obra que é um verdadeiro campo de batalha. A investigação maquiaveliana sobre a natureza do poder, o que ele é e como se o exerce seguem atuais, pontua. Trata-se de um pensamento que analisa de modo lúcido a “política antes do advento do pensamento único da liberal-democracia”.
Gonzalo Rojas, da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, diz que, para Gramsci, Maquiavel inova ao compreender a política como uma ciência autônoma, com princípios e leis particulares, diferentes daqueles utilizados na moral e na religião.
Na obra fundamental de Maquiavel não há um modelo, projeto ou filosofia política que oriente a política com vistas a uma sociedade melhor, acentua Bernardo Alfredo Mayta Sakamoto, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná — Unioeste.
Alessandro Pinzani, da Universidade Federal de Santa Catarina — UFSC, assinala que, para Maquiavel, um bom príncipe é aquele que consegue estabelecer “um domínio capaz de sobreviver-lhe”.
A obra Agamben and theology (London: T & T Clark International, 2011), de Colby Dickinson, professor da Universidade Loyola, em Chicago, é debatida pelo próprio autor e por Adam Kotsko, docente no Shimer College, também em Chicago. A política é “espetáculo religioso mal disfarçado” e é preciso que Agamben aprofunde o nexo entre Paulo e o desenvolvimento do pensamento econômico, afirmam.
O Prof. Ms. Gelson Luiz Fiorentin concede uma entrevista explicando do que se trata e como será o II Seminário do Mercosul sobre pediculose, escabiose e tungíase: uma abordagem interdisciplinar, que ocorre no final do mês de setembro na Unisinos.
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A versão impressa circulará no campus da Unisinos, terça-feira, a partir das 8h.
A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!
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A política desnudada. Cinco séculos de O Príncipe, de Maquiavel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU