Universidade Católica de Louvain se abre à teologia islâmica

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22 Julho 2013

No reinício das aulas de 2014, o mestrado em "Religiões do mundo, diálogo inter-religioso e estudos religiosos", proposto pela Universidade Católica de Louvain terá uma nova opção de "teologia islâmica". É o que disse o ministro da Juventude e da Educação flamengo, Pascal Smet (socialista), que apresentou essa medida como "uma etapa importante na criação de um quadro acadêmico para o Islã nos Flandres", relata o jornal De Morgen.

A reportagem é de Anne-Bénédicte Hoffner, publicada no jornal La Croix, 14-07-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Segundo ele, os líderes muçulmanos na Bélgica muitas vezes "não estão familiarizados com a língua e a cultura", sendo muitas vezes enviados e pagos diretamente pelos seus países de origem. Sendo impossível uma verdadeira "formação de imãs" organizada pelos poderes públicas, foi escolhida essa solução de um mestrado, aberto particularmente a estudantes que pretendem se tornar "conselheiros islâmicos ou capelães".

Relação com a modernidade

No seu site, a Universidade Católica de Louvain detalha o programa do seu mestrado em "Religiões do mundo, o diálogo inter-religioso e estudos religiosos". Além de uma eixo comum "bem desenvolvido" – composto por cursos básicos sobre as "Religiões do mundo", a "Religião na sociedade contemporânea" e o Diálogo inter-religioso curriculares –, três opções serão oferecidas aos estudantes: "Religiões do mundo e diálogo inter-religioso", "Islã" e "Estudos religiosos", ou seja, o estudo das religiões a partir da perspectiva das ciências humanas.

"A opção Islã dá uma visão geral de uma das grandes religiões do mundo", especifica o documento de apresentação, uma "religião muito importante na Europa Ocidental". "Estudar-se-á não somente a religião em si, mas também a sua relação com a modernidade, com a sociedade europeia e com as outras religiões (incluindo o cristianismo)". Uma viagem de estudos de um mês para a Índia também está prevista.

O mestrado se concluirá com a redação de uma monografia ou de um "estágio de campo" na Bélgica ou no exterior, acompanhado pela redação de um documento de pesquisa. Isso permitirá aos estudantes adquirir um diploma universitário no campo da teologia islâmica, enquanto que, atualmente, não existem cursos que preparem para o ensino do Islã na escola.

A única desvantagem é que o mestrado só será acessível para os imãs e capelães que já possuam um diploma universitário de primeiro grau (licenciatura).

Integração

O projeto estava sendo gerado há vários anos. No início de 2012, Ludo Sannen, deputado flamengo socialista, licenciado em Ciências da Religião e ex-professor, tinha apresentado uma proposta nesse sentido ao Parlamento flamengo. "Temos que formar os nossos próprios imames e teólogos islâmicos de modo que se aborde o Islã a partir do nosso contexto e que sejam melhor integrados", explicou ele ao jornal De Standaard.

Depois de estudar as soluções escolhidas pelos países vizinhos, Ludo Sannen havia afirmado ser favorável "ao modelo da Universidade Livre de Amsterdã", em que a formação está integrada à Faculdade de Teologia. Uma solução igualmente experimentada depois por cinco universidades na Alemanha.

Criar a partir do zero uma faculdade diferente seria, de acordo com o deputado, muito "mais difícil e mais caro". De acordo com o De Standaard, a Universidade Católica de Louvain logo se mostrou interessada, sob certas condições, particularmente, a da sua "independência, assim como a da Igreja Católica".