27 Mai 2013
Quando o padre jesuíta Michael Barber for ordenado como o quinto bispo de Oakland no dia 25 de maio, ele vai assumir a liderança de uma diocese grande e multicultural, com uma dívida de 114,7 milhões de dólares e um clero que está frustrado porque os planos para combater os problemas fiscais e as ineficiências administrativas tiveram que ser suspensos.
A reportagem é de Monica Clark, publicada no sítio National Catholic Reporter, 22-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nos últimos sete meses, o arcebispo aposentado de Seattle, Alexander Brunett, o administrador apostólico da diocese, tentou formas para reduzir a dívida através de uma grande campanha de angariação de fundos e para reorganizar alguns aspectos da administração do arquivo arquidiocesano.
Nomeado depois que o bispo Salvatore Cordileone foi transferido para liderar a arquidiocese de San Francisco em outubro passado, Brunett, 79 anos, rapidamente ganhou o apoio entusiástico pelos seus conhecimentos financeiros, sua liderança administrativa e seu comportamento caloroso.
Muitos na diocese temem agora que o bispo eleito Barber, que trabalhou principalmente como professor de seminário, diretor espiritual e capelão da Marinha, terá uma aprendizagem, algo que ele mesmo reconheceu durante uma coletiva de imprensa anunciando a sua nomeação no dia 3 de maio. "Eu tenho muito a aprender sobre a Igreja em Oakland", disse.
Seu provincial jesuíta, Pe. Michael Weiler, em uma carta do dia 3 de maio aos colegas jesuítas, observou que o novo bispo, que foi diretor de formação espiritual do Seminário São João, em Boston, nos últimos três anos, enfrenta o "desafio de se tornar imediatamente o ordinário de uma diocese, sem tempo para se acostumar com o seu novo papel".
Barber, 58 anos, foi pároco na Samoa Ocidental por dois anos depois da sua ordenação, em 1985, e viveu na paróquia Santa Inês, em San Francisco, enquanto dirigia a Escola de Liderança Pastoral da Arquidiocese de San Francisco de 1998 a 2001. Mas a maior parte do seu ministério foi fora da estrutura diocesana tradicional.
Barber disse à imprensa que ele ficou sabendo da sua nomeação através de um telefonema em seu escritório em Boston. Poucos dias depois, quando ele estava em Washington, para a ordenação episcopal do padre Robert Coyle como bispo auxiliar da Arquidiocese para os Serviços Militares dos EUA, no dia 25 de abril, ele disse ao arcebispo Carlo Viganò, núncio apostólico nos Estados Unidos, que ele aceitaria a nomeação.
"Eu não sei como ele [o Papa Francisco] conseguiu o meu nome. Nós nunca nos encontramos", disse Barber, acrescentando que ele se sentia "humilde" ao ser nomeado bispo pelo novo papa jesuíta. "Talvez ele pensou que eu poderia fazer em Oakland o que ele quer fazer em toda a Igreja. Eu o estou acompanhando bem de perto. Eu quero imitá-lo".
Em uma referência à sua falta de experiência administrativa, Barber observou que quando o papa (então padre Jorge Mario Bergoglio) foi inesperadamente nomeado arcebispo auxiliar de Buenos Aires, em 1992, ele "tinha que começar por algum lado também".
O anúncio da nomeação de Barber no dia 3 de maio veio como uma surpresa, especialmente aos padres que haviam sido chamados para uma reunião no dia 6 de maio, que muitos acreditavam que iria se concentrar na reorganização administrativa do complexo da catedral e em alguns aspectos do arquivo diocesano. Essa reunião foi cancelada no dia 2 de maio. "Embora estivéssemos ansiosos para que uma substituição fosse anunciada, os padres da diocese ficaram sabendo que isso não aconteceria até o fim do ano", escreveu o padre Robert McCann aos seus paroquianos da Igreja de Santa Teresa, em Oakland, no boletim paroquial do dia 12 de maio.
McCann questionou o rápido agendamento da ordenação episcopal, apenas um mês depois que Barber aceitou a nomeação. "Isso é incrivelmente rápido", escreveu McCann, notando que o padre Peter Loy Chong, que está vivendo na paróquia Santa Teresa enquanto faz o seu doutorado no Graduate Theological Union, em Berkeley, não será ordenado arcebispo de Fiji até o dia 8 de junho, embora ele tenha sido nomeado bispo em dezembro passado.
Outros, falando ao NCR com a condição de que seus nomes não fossem publicados, disseram temer que algumas pessoas na diocese tenham pressionado para que a ordenação de Barber avançasse rapidamente para paralisar a implementação da reorganização.
Alguns viam a reorganização como uma resposta parcial a uma tendência de descontentamento com a liderança de Cordileone em Oakland, que veio à tona durante uma convocação dos padres em outubro de 2011, dois anos e meio depois que ele chegou à diocese.
Em duas oficinas, 59 sacerdotes identificaram problemas que eles apresentaram a Cordileone. Os documentos de síntese obtidos pelo NCR revelam que esses problemas incluíam uma percepção de que a colaboração e a consulta eram subvalorizadas em sua administração, que uma "eclesiologia ascendente da Igreja" estava sendo imposta sobre os programas de formação de formação religiosa, que "não fomenta um quadro eclesiológico e uma perspectiva teológica mais amplos", e que a moral tinha se deteriorado entre os empregados da Cúria e os párocos.
Os sacerdotes também expressaram preocupação com a "falta de consciência, falta de atenção e falta de recursos para a realidade pastoral e multicultural da diocese".
A diocese de Oakland, com 550 mil católicos, é uma das dioceses mais etnicamente diversificadas do país. Nos dois condados que compõem a diocese, menos de metade da população é anglo-americana. Um quarto é latino-americana, com uma porcentagem igual de asiáticos. Trinta e nove das 83 paróquias da diocese têm missa dominical em espanhol. As missas também são celebradas regularmente em cantonês, ge'ez, kmhmu, coreano, mandarim, polonês, português, tagalog, tonga e vietnamita.
"Estou ansioso para trabalhar com tantas comunidades étnicas maravilhosamente diversas", disse o bispo-eleito Barber, que fala italiano, francês, samoa e espanhol litúrgico, além de latim e inglês.
Talvez o problema mais urgente que o novo bispo terá que enfrentar é reduzir a dívida de 114,7 milhões de dólares, acumulada a partir da construção de uma nova catedral, dos pagamentos de acordos em torno do abuso sexual clerical, da recuperação das propriedades do cemitério e de outros projetos diocesanos.
Ele terá que decidir se irá querer seguir em frente com a campanha de capitalização. Mike Brown, diretor de comunicações da diocese, disse que também se espera a liquidação de valores mobiliários, a venda de alguns imóveis e o refinanciamento de uma parte da dívida.
Durante a coletiva de imprensa, Barber disse que quer seguir o exemplo do Papa Francisco, focando-se nas necessidades dos pobres e dos marginalizados. "Ele quer líderes servidores", disse.
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Novo bispo de Oakland, jesuíta, herda dívida enorme e clero frustrado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU