09 Janeiro 2013
O cabeça da tradicionalista Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) chamou o povo judaico de “inimigos da igreja”, dizendo que o apoio dado ao Concílio Vaticano II pelos líderes judaicos “mostra que o Concílio é coisa deles, não da igreja”.
A informação é de Carol Glatz e publicada por Catholic Herald, 04-01-2013. A tradução é de Luís Marcos Sander.
O bispo Bernard Fellay, superior geral da sociedade, disse que aqueles que mais se opuseram a que Roma concedesse o reconhecimento canônico à SSPX são “os inimigos da igreja: os judeus, os maçons, os modernistas”.
Ele afirmou que essas pessoas, “que estão fora da igreja, que têm sido inimigos da igreja há séculos”, urgiram o Vaticano a obrigar a FSSPX a aceitar o Vaticano II.
Ele fez esses comentários durante uma palestra de quase duas horas de duração na Academia de Nossa Senhora do Monte Carmelo, em New Hamburg, província de Ontário, Canadá.
Nessa palestra, disse que vinha recebendo recados ambivalentes do Vaticano há anos sobre se e como esse grupo poderia ser reconduzido à comunhão plena com a igreja.
Disse que autoridades de alto escalão do Vaticano disseram-lhe que não ficasse desanimado com declarações oficiais vindas do Vaticano, porque elas não refletiam os verdadeiros sentimentos do papa Bento XVI.
Hoje a assessoria de imprensa do Vaticano se recusou a comentar sobre essas afirmações. Não houve resposta por parte da sede da sociedade na Suíça a um pedido de comentários feito por e-mail pelo Catholic News Service.
O papa Bento deu início a uma série de discussões doutrinais com a SSPX em 2009, suspendendo as excomunhões impostas aos quatro bispos da fraternidade, que foram ordenados em 1988 sem aprovação papal, e expressando sua esperança de que eles voltassem à comunhão plena com a igreja.
Em 2011, o Vaticano encaminhou aos líderes da SSPX um “preâmbulo doutrinal” para ser assinado que esboça princípios e critérios necessários para garantir fidelidade à igreja e seu ensino; o Vaticano disse que os líderes da SSPX teriam de assiná-lo para avançar rumo à reconciliação plena.
Mas o bispo Fellay afirmou que tinha dito repetidamente ao Vaticano que os conteúdos do preâmbulo – particularmente a aceitação da missa moderna e do Concílio expressos no Catecismo da Igreja Católica – eram inaceitáveis.
Ele disse que a única razão pela qual dava continuidade às discussões com autoridades do Vaticano era porque outras “muito próximas do papa” lhe tinham assegurado que o papa não concordava com os pronunciamentos oficiais do tipo linha dura provenientes do Vaticano.
Segundo o bispo Fellay, o cardeal colombiano aposentado Dario Castrillón Hoyos, então presidente da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, o órgão responsável pelas relações com os católicos tradicionalistas, tinha dito a ele, em março de 2009, que a sociedade seria reconhecida formalmente.
Quando o bispo perguntou como isso seria possível, já que o reconhecimento dependia da aceitação dos ensinamentos do Vaticano II, o cardeal, segundo ele, teria respondido que essa exigência era apenas “política” e “administrativa” e que, “aliás, não é isso que o papa pensa”.
O bispo Fellay disse que continuou a receber mensagens semelhantes de outras autoridades do Vaticano, ao mesmo tempo em que as conversas formais continuavam. Os recados, dados verbalmente e por escrito, eram muito dignos de crédito, disse ele, porque vinham de autoridades que se encontravam com o papa “todo dia ou a cada dois dias”.
Ele disse que não declinaria nomes, mas sustentou que “o próprio secretário do papa” estava entre aqueles que lhe disseram para não se preocupar demais com as posições linha dura do Vaticano.
Mesmo que a congregação responsável pela doutrina decidisse contra a Sociedade, ele sustentou que o secretário lhe tinha dito que “o papa reverteria a decisão em favor da Sociedade”.
“Vejam vocês, então. Recebi todos esses tipos de mensagens que não estavam combinando”, disse o bispo Fellay. “Recebi uma coisa oficial onde claramente tenho de dizer ‘não’, e recebi outras mensagens – que não são oficiais, é claro –, mas que dizem: ‘Não, não é isso que o papa quer’.”
As garantias não oficiais é que o mantiveram envolvido nas conversas, disse ele, pois as exigências oficiais do Vaticano, que tinham a aprovação do papa, “significariam o fim de nossa relação com Roma”.
O Vaticano não tornou público o preâmbulo, mas afirmou que ele “enuncia alguns princípios e critérios doutrinais para a interpretação da doutrina católica necessários para garantir a fidelidade ao ensinamento formal da igreja, incluindo o ensinamento do Concílio Vaticano II, e que ele deixa espaço para “discussão legítima” sobre “expressões ou formulações individuais presentes nos documentos do Vaticano II e do magistério subsequente” da igreja.
O bispo Fellay disse que o papa Bento lhe escreveu, enfatizando que o reconhecimento pleno exigia que a sociedade aceitasse o magistério como juiz do que é a tradição, aceitasse o Concílio como parte integrante da tradição e aceitasse que a missa moderna é válida e lícita.
Afirmou o bispo Fellay: “Até mesmo no Concílio há algumas coisas que nós aceitamos”, bem como coisas que rejeitamos; entretanto, o grupo quer ter a liberdade de dizer: “Há erros no Concílio” e que “a nova missa é um mal”.
O grupo não aceitará a reconciliação se ela significar que o grupo não poderá mais fazer tais pronunciamentos, disse ele.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Líder da Sociedade São Pio X chama o povo judaico de “inimigos da igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU