03 Outubro 2012
O feminino na teologia teve um novo começo no século XX com o Vaticano II. E assim, 50 anos depois do evento conciliar, chega o congresso internacional Teólogas releem o Vaticano II. Assumir uma história, preparar o futuro.
A reportagem é de Fabrizio Mastrofini, publicada no sítio Vatican Insider, 02-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O congresso será realizado em Roma, nos dias 4 a 6 de outubro, no Pontifício Ateneu Santo Anselmo, no Aventino, sede da Confederação Beneditina. O evento foi apresentado nessa terça-feira em Roma, durante uma lotada coletiva de imprensa. Marinella Perroni, professora de teologia e presidente da direção da Coordenação de Teólogas Italianas (www.teologhe.org) ressaltou que, a partir do Concílio, de fato, abriram-se as portas para uma consciente presença feminina na Igreja.
"Muito tem sido feito desde então e muito ainda resta a ser feito para uma verdadeira participação consciente e aceita das mulheres". O congresso teológico internacional terá a participação de historiadores e teólogos provenientes de todo o mundo (incluindo Hervé Legrand, Gerald Mannion, Maureen Sullivan, Massimo Faggioli, Tina Beattie e Mercedes Navarro Porto, assim como Stella Morra, Cettina Militello, Serena Noceti e Cristina Simonelli).
O congresso – acrescentou Perroni – quer ser "um momento de debate ecumênico entre estudiosas e estudiosos envolvidos nos diversos âmbitos do saber teológico e da vida eclesial. O objetivo é refletir sobre esses primeiros 50 anos em que a Igreja Católica soube reconhecer na diferença de gênero uma contribuição de inteligência e uma reserva de entusiasmo".
Durante a coletiva de imprensa, também foram apresentadas as publicações que a Coordenação de Teólogas Italianas realizou pelos 50 anos do Concílio: juntamente com a Fundação para as Ciências Religiosas de Bolonha, um volume sobre a presença e o papel das mulheres no Concílio (Tantum aurora est. Donne e concilio Vaticano II) e, assinado por Adriana Valerio, um texto mais divulgativo publicado pela editora Carocci (Madri del Concilio. Ventitre donne al Vaticano II).
Foram 23 as mulheres convidadas para o Concílio como auditoras: 10 religiosas e 13 leigas, incluindo nove solteiras, três viúvas e uma casada com o marido ainda vivo. Elas nunca tomaram a palavra na assembleia, nem para agradecer por terem sido convidadas, mas a sua contribuição foi determinante: para o capítulo IV da Lumen Gentium sobre os leigos, para as partes da Gaudium et spes sobre a contribuição dos fiéis na construção da cidade humana, para o decreto sobre o apostolado dos leigos... mas também para muitos outros aspectos do debate conciliar.
A um grupo de mulheres que se dirigiram a uma das "mães do Concílio" para pedir que se interessasse pelas coisas que diziam respeito às mulheres, esta respondeu: "Então nos interessaremos por tudo". A tentação é sempre a de relegar as mulheres na Igreja a tratar das temáticas que se referem às mulheres, sem saber que todas as temáticas lhes dizem respeito e sobre todas elas têm a sua contribuição a oferecer.
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Mulheres, teologia, Vaticano. Trinômio perfeito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU