Por: Cesar Sanson | 05 Julho 2012
"Admirava tua incansável atuação, em meio às lidas acadêmicas e a militância indigenista. Era com quem os Kaiowá Guarani podiam contar a toda hora, com seu vastíssimo conhecimento da luta e direitos desse povo, as sábias sugestões e as informações precisas". O comentário é do missionário indigenista Egon Heck em seu blog, 04-07-2012, sobre a morte do indigenista e historiador Antonio Brand.
Eis o comentário.
Hesitei um pouco em escrever-te esta carta. Enquanto estava aqui em Santarém, juntamente com D. Erwin, num encontro dos bispos da Amazonia, para fazer a memória dos 40 anos do Documento de Santarém, recebi a informação de que terias nos deixado. Preferi pensar que um lutador não morre, apenas passa e com seu testemunho continua animando a luta.
Comecei a memorar os momentos agradáveis, de infindáveis conversas na gostosa varanda de sua casa. Aí tomávamos chimarrão, trocávamos ideias sobre a realidade dura dos Kaiowá Guarani e alimentávamos sonhos de ver um dia essa realidade mudada.Com o calor dos goles do chimarrão alimentávamos juntos a esperança de que um outro mundo, melhor para todos é possível.
Admirava tua incansável atuação, em meio às lidas acadêmicas e a militância indigenista. Era com quem os Kaiowá Guarani podiam contar a toda hora, com seu vastíssimo conhecimento da luta e direitos desse povo, as sábias sugestões e as informações precisas.
Enquanto Cimi, quando juntos atuamos no secretariado, num dos momentos mais importantes da conquista dos direitos indígenas na Constituição de 1988, foste a pessoa chave no processo de atuação da entidade junto com os povos indígenas. Isso jamais será esquecido pelo movimento indígena e pelos companheiros do Cimi. Do fundo do coração brota a profunda gratidão.
Caro Antonio poderia encher páginas de belíssimos e duros momentos que partilhamos na causa indígena. Prefiro que os povos indígenas e os lutadores da justiça e da igualdade com solidariedade o façam. De minha parte e de Laila, nossa eterna gratidão, amigos para sempre.
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Carta de Egon Heck para Antonio Brand - Instituto Humanitas Unisinos - IHU