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23 Mai 2012

Até 31 de agosto, o Brasil voltará a assistir à pujança no mercado de automóveis. Como todas as vezes em que o governo reduziu o IPI, o aumento da demanda será automática. O desconto na prestação do financiamento imediatamente resgata, em muitos, o sonho do carro zero quilômetro. Ao adotar uma série de medidas em doses separadas, nos últimos meses, desta vez, no entanto, o governo causou muita confusão antes de chegar ao que a indústria sempre prega: a redução da carga tributária.

A reportagem é publicada pelo jornal Valor, 23-05-2012.

Já não restam dúvidas de que a venda de veículos novos registrará novo recorde em 2012. A redução de preços é mais do que suficiente para desencalhar estoques.

Atender aos apelos do setor num momento em que os maiores fabricantes de veículos do mundo já estão no Brasil e outros se preparam para inaugurar suas primeiras fábricas no país é também uma forma de o governo referendar sua política de estímulo à produção local.

Algumas semanas atrás, a redução de impostos parecia improvável, já que o governo acabara de seguir na direção contrária, no fim de 2011, quando elevou a carga tributária para veículos que não cumprirem novas exigências de conteúdo local.

A indústria acelerou o ritmo, contando até com uma chance de conseguir substituir com produto local a importação que recebeu imposto adicional. A restrição dos bancos para liberar crédito, no entanto, provocou elevação dos estoques e os dirigentes do setor voltaram a bater às portas em Brasília.

Para dissimular novo pedido ao governo, os dirigentes da indústria repetiam publicamente que não era a redução de impostos que buscavam, mas medidas de estímulo à liberação de financiamento.

Omitiram que, no fundo, queriam as duas coisas: uma mãozinha na liberação de crédito e também corte na carga tributária. Conseguiram ambas. Esconder quando pede corte de impostos é uma estratégia usada com frequência por uma indústria que não quer perder um único dia de vendas. As palavras de um executivo do setor servem para explicar esse raciocínio: "Se eu vendo presunto e sei que o preço vai cair, não posso falar sobre isso porque aí eu paro de vender o presunto."